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sábado, 16 de novembro de 2013

CENTENÁRIO DO NASCIMENTO DE EDGARDO ABREU

Quem é Edgardo de Campos Abreu?
Edgardo de Campos Abreu nasceu em Abaeté, MG em 16/11/1913. Era o terceiro filho do casal Antônio Álvares de Abreu e Silva e Maria José de Oliveira Campos. Tinha três irmãos, o mais velho José de Campos Abreu, apelidado de Juquinha, morreu aos 19 anos vítima de diabete. Uma irmã Nylda de Campos Abreu, professora, estudou em BH no Colégio Sagrado Coração de Jesus e Hélio de Campos Abreu, funcionário público da Coletoria Estadual de MG.
Passou sua infância na cidade de Abaeté e seu grande divertimento era nadar na enchente do Marmelada, onde ia com seus amigos e pulava de cima da ponte e isto sempre lhe custava castigos dados por sua mãe. Também quando maiorzinho gostava de ir à procissão do enterro de Cristo, na sexta feira santa e como a iluminação das ruas era muito precária ele e seus amigos prendiam as saias das senhoras com alfinetes no momento em que a procissão ficava parada e quando iam caminhar as senhoras se viam presas uma nas outras e eles caiam na risada.
Uma curiosidade, sua fruta predileta era manga.
Quando terminou o curso primário sua mãe o mandou pra fazer o ginásio (hoje ensino fundamental) no internato em BH, no Colégio Arnaldo, onde ficou até o terceiro ano ginasial, quando iria começar o quarto ano disse pra sua mãe: Não quero mais estudar. A sua mãe, apelidada de D. Zezé, fez de tudo pra convencê-lo a voltar para o Colégio interno e ele não mudava sua opinião. Então ela lhe deu um castigo na esperança que ele mudasse de opinião: ficar por um ano sem sair de casa e pra isto só ganharia pijamas pois estava em fase de crescimento e suas roupas já estavam pequenas. Assim foi, ele em casa sem sair. Apenas chegava na janela que dava pra Praça da Igreja Matriz, ao lado do Hotel Andrade, bem no centro de Abaeté.
Passado alguns meses, estava Edgardo na janela e seu tio Frederico de Oliveira Campos., irmão de sua mãe e era advogado. Parou e conversou com ele e resolveu entrar pra falar com sua irmã. Na conversa perguntou: Quantos anos tem seu filho Edgardo?
Ela respondeu: Tem 18 anos.
E continuou a especular: - Vejo sempre ele na janela, o que está fazendo?
A sua irmã lhe respondeu:

 
-Pensando se vai voltar a estudar. Eu lhe dei um prazo de um ano pra pensar.
Então chama ele pra mim. Quando ficaram frente a frente o Zicão, este era o apelido do Frederico, lhe propôs: - Tenho uma pequena fazenda e estou pensando em plantar algodão, enfim fazer lavoura pois a terra é boa. Quer ser meu sócio? Eu entro com as terras e todo o custeio pra lavoura de algodão milho e você com trabalho e partiremos o lucro. Vamos ver se sua aptidão é ser fazendeiro? E assim, Edgardo iniciava sua vida de trabalho como fazendeiro e esta foi a sua profissão por toda a vida.
A sua mãe sonhava que ele fosse advogado mas, como sabemos, sonhos de mãe nem sempre são concretizados porque filhos são pessoas e sendo assim, fazem suas próprias escolhas.
Certa vez ele falou: "se voltasse neste mundo faria tudo diferente. A única coisa que faria igual era casar com a Helena." Hoje, refletindo penso que ele teria se arrependido muito de não ter voltado a estudar porque teve uma vida de muitas dificuldades e que se fosse estudado a vida teria sido mais fácil. Também porque ele sempre nos falava: "vou deixar pra vocês uma única herança: ESTUDO. Cuidem de aproveitar. Porque com estudo vocês poderão conquistar o que desejarem."
Esta sociedade rendeu bom dinheiro e assim comprou a chácara de 60 hectares onde hoje tem a Praça Edgardo de Campos Abreu. Nesta chácara ele começou a  negociar gado Gir e assim passou para o ramo da pecuária. Teve sucessos e fracassos como pecuarista.
Casou-se em 16 de janeiro de 1947 com Helena Álvares de Almeida, professora formada no colégio Sagrado Coração de Jesus, depois de namorarem por 10 anos. Foram morar na chácara onde nasceram seus 5 filhos: Edward, advogado, tem 3 filhos:Ana Helena, advogada, Edgardo, graduado em Educação Física  e fazendo mestrado na UFMG e Frederico José graduado em Publicidade; Helena Maria, fonoaudióloga, tem 2 filhos: Mariah, advogada e Diogo, engenheiro agrônomo; Rogério, Técnico em Mineração, aposentado tem uma filha, Luíza, graduada em Geografia, em breve cursando mestrado na UFMG; Isabel, funcionária pública e Antônio, graduado em História, aposentado da Usiminas e Professor de História para surdos na Escola Francisco Sales  em BH, tem 3 filhos: Antônio, estudante de Gestão Ambiental em Barbacena, Maria Guilhermina, estudante de Direito e Helena, estudante de Publicidade e Propaganda.
Edgardo era chamado pelos amigos de Abreu. Era um homem alto, magro, de cabelos pretos e penteados para trás, era charmoso no jeito de andar, vestia-se com calças cáqui e camisas brancas de algodão e de cambraia de linho, estas feitas sob medida pelas costureiras D. Elza do Virgílio  e outra costureira que havia sido costureira em camisaria no Rio de Janeiro. Para ir à fazenda usava botinas, a maioria delas feitas à mão pelo Sr. Piduca. Tinha sempre em seu guarda roupa: 2 ternos, um preto e outro marrom ou cinza, algumas gravatas e 2 pares de sapatos esportes finos marrom e  preto, pois usava terno e gravata em suas viagens pra BH e em festas no Abaeté Clube que passou a frequentar quando sua filha mais velha fez 15 anos e gostava de ir aos bailes em especial o de reveillon. Em outras ocasiões como jantares comemorando aniversários na casa de parentes ele usava a camisa branca de cambraia de linho com calça preta ou cinza do terno. Era homem de personalidade forte mas estava sempre disposto a ajudar seus amigos e parentes, sempre solidário e caridoso. Honestidade era SUA VIRTUDE MAIOR, JUNTO À SINCERIDADE. Como pai, era cuidadoso com os filhos e gostava de conversar com eles sempre contando histórias que de alguma forma passavam alguma lição de vida. Adorava ler, todos os tipos de leitura, assinava 3 jornais semanais: "Correio da Manhã" e "Tribuna da Imprensa", estes do Rio de Janeiro e "Estado de Minas". Em suas viagens para BH que sempre ia junto com sua esposa Helena, pra levar os filhos pro Colégio ou buscá-los pra férias tinha o hábito de ir a livraria e comprar livros que estavam fazendo sucesso mo momento.  Lembro-me  quando  comprou  Gabriela  Cravo e Canela   de 
Jorge Amado e por vezes lia alguma passagem pra mamãe. Tinha uma cultura geral grande e opinião bastante independente sobre política, não era ligado a partido político mas sempre apoiou seus primos que eram da UDN ( União Democrática Nacional), chegou a ser candidato a vice-prefeito na chapa do Dr. Aloysio da Cunha Pereira em 1950 quando Juscelino era Governador de Minas e foi a Abaeté fazer campanha pro Dr. Amador Álvares da Silva (PSD- Partido Social Democrático) e com a presença do Juscelino, a chapa da UDN que era favorita foi derrotada. Edgardo e Aloysio mandaram olheiros ao comício adversário e chegaram relatando: " nossa a praça está lotada e a multidão aplaudindo JK. Edgardo escorregou na cadeira, como gostava de se sentar ( quase encostava as costas no assento) e disse:"estamos perdidos, Aloysio!" Este respondeu: "Não seja pessimista, Edgardo." ESTE RETRUCOU: "Realista". KKKK
Aliás, ele era tímido e pessimista. Certa vez comentou  em família que admirava seu filho mais velho que era otimista e acreditava que tinha sorte. Parece-me que esta era uma coisa que ele gostaria de ter sido: otimista e acreditar na sorte.
Não era católico praticante e casou-se em casa porque pra ser na Igreja ele teria que se confessar. Como o seu sogro já estava bastante debilitado e não andava a sua futura esposa conseguiu que o Padre fizesse o casamento em casa. Aliás, Helena era católica fervorosa, pertencia a liga Filhas de Maria e ia à missa diariamente, tanto é que o Padre lhe disse: "como vai se casar com este rapaz que não tem religião?" Ela respondeu-lhe:" Pois é, tenho fé pra nós dois." Também revelou grande admiração pela fé de sua esposa e sempre respeitou a forma como educava seus filhos e recebendo os sacramentos do batismo, primeira comunhão e crisma.Levava e buscava sua sua mãe todos os domingos à Igreja pra assistir à missa das 10 hs.
Este é resumo da vida do meu querido e saudoso pai, que completaria 100 anos neste 16 de novembro de 2013 e que faleceu aos 59 anos, no dia 1 de fevereiro de 1973.

Foram momentos maravilhosos regados a muita música e história... família e amigos reunidos para comemorar o centenário do nascimento de Edgardo Campos Abreu.



Residência da família de Edgardo Campos Abreu- foto Rita Arruda- novembro/2013

Residência da família de Edgardo Campos Abreu- foto de Antônio Abreu- 2013

2 comentários:

Anônimo disse...

Muito bacana conhecer a história da minha cidade querida.

Fred Abreu disse...

Avô que não tive oportunidade de conhecer e que agora conheço um pouco mais. Parabéns pelo texto Tio Antônio