FOLCLORE
Folclore? Sabe o que é?
São coisas que os velhos contam...
São estórias encantadas,
Onde brinca a fantasia...
São quadrinhas bem rimadas,
É arte, é graça, é poesia!
É o rico artesanato,
Os trajes, os rituais,
O rodeio, o desafio,
Os tipos originais...
O velho carro de bois,
Coletivo dos gerais...
São remédios de folhagens,
São comidas e bebidas,
Objetos, beberagens...
São rezas, superstições,
Que a gente ouve e que diz.
São temas religiosos,
Rodas, jogos infantis...
É tudo o que representa
Tradição de uma cultura:
Expressões, músicas, danças...
São linguagens, falas, ditos,
Toda uma literatura!
Tudo de uma região
Passando de boca em boca,
Geração a geração...
Coisas que vivem pra sempre,
Que o povo não esquece, não!
Porque são ricas, bonitas...
Porque é a sua tradição.
(Bárbara de Carvalho)
Os tempos mudaram e as crianças do século XXI não aprenderam a brincar de amarelinha, não cantam Ciranda cirandinha...mas Abaeté ainda guarda, talvez até sem querer, um rico folclore, manifestado diariamente nas mais diversas linguagens, rezas, danças, artesanato...
E assim a nossa história vai sendo escrita na mesa farta onde reina triunfante o pão de queijo e o bolo de fubá, arroz doce outrora feito no fogão a lenha.
Reunidos na varanda de antigos casarões muitas gerações guardaram e ainda guardam as histórias engraçadas do Saci Pererê, Curupira, Mula sem Cabeça e muitas outras crendices e assombrações.Sem falar na lendária Maria toca piano, que segundo contam, quem passava nas proximidades da E. E. "Frederico Zacarias" por volta da meia noite, podia ouvir as notas de um piano ou quem sabe da mulher de 7 metros que rondava uma outra escola da cidade.É por isso que eu digo: Tem base sô, cruiz credo, Deus me livre guarde, Nossa Senhora...
Assim é Abaeté: cidade de muitas rezadeiras e benzedeiras famosas ; da medicina popular curando com o já costumeiro e amargo chá de boldo,a doce erva cidreira, hortelã que não tem nada de pimenta; carros de bois, Nossa Senhora do Rosário, carnaval, festa junina, folia de reis...
Sem falar nos grandes personagens curiosos e conhecidos de toda a população que percorreram e ainda percorrem as ruas da cidade , muitas vezes sujos, maltrapilhos mas deixando a sua marca nesse livro já centenário: Alcebíades, Maria do Mato, Patrocínio,..., Nego Isaías, Zé Antônio Doido, Rolinha, Paulo Samambaia ... e tantos outros nomes e tipos originais que estão registrados na calçada eterna da nossa terra.
Algumas ruas, praças e bairros são conhecidos por apelidos como Beco das Galinhas, Cerâmica, rua do Cerrado, Buracão, Sonda, rua do Capim, Baxada, Vaquinha, praça redonda, praça da Gameleira, Pau D'Óleo...
No dia-a-dia provérbios fazem parte da prosa animada entre comadres e compadres:
Filho de peixe, peixinho é
Cada macaco no seu galho
De grão em grão a galinha enche o papo...
E assim vai sendo mantida a cultura regional dessa terra das Gerais com o velho carro de bois cantando essa rica tradição, o palhaço Bastião visitando Santos Reis, o artesanato belo das nossas Marias e Josés, as folhas de arruda, o vestido xadrez da quadrilha ou o passo elegante e o largo sorriso dos dançantes homenageando Nossa Senhora do Rosário...
Poesia, chás e toda uma linguagem do nosso povo...