MAESTRO NIQUINHO
Quem se lembra das quadrilhas de Nosso Clube? Eram animadas pelo saudoso maestro Tio Niquinho. Eu muitas vezes pulava o muro da CNEG para fugir das últimas aulas e participar dos ensaios da quadrilha. A festa era no dia de São João. Era um festão. Após a dança os associados iam para o terreno ao lado do clube e aí era só quentão, canjica, pé-de-moleque...
A vantagem da quadrilha, é que a gente dança com todas as moças da roda. Umas levinhas, outras “pés duros” e assim ia... Tio Niquinho comandava o show, nunca mais vi maestro como ele. Quando ele gritava: “Óia o tão da musga”, era para a gente se preparar para a manobra mais difícil da dança: o an arrière, onde o cavalheiro com as mãos para trás em cima dos ombros segurando as da dama, sem largá-las, trocava de posição. Chico Sanfoneiro, Simião ou Zé Preto na sanfona animavam a contradança.
Tio Niquinho era também um exímio leiloeiro. Durante o mês de maio, após a cerimônia de coroação de Nossa Senhora na capela de São José, era realizado um concorrido leilão de prendas ofertadas pelos fiéis, cuja renda era revertida para custear as despesas da mesma. Gostava de fazer graça, usando uma linguagem popular e não deixava nenhuma prenda passar em branco: “Óia aqui fulano, vai deixar de levar essa garrafa de pinga?” “Óia só que beleza dessa rosca da rainha”...”E esse pudim? Dá água na boca”... Esse cartucho de arminda ta bunito dimais... (amendoin torrado e caramelizado). “Tá muito barato, haja quem mais dê”...
“Dou-lhe uma, dou-lhe duas, dou-lhe três o fulano vai levar”...
Tio Niquinho deixou muita saudade...
(Herculano Vanderli de Sousa)
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