Pau D'Óleo
Fonte: Foto Rita Arruda- novembro/2012
Adaptar-se à nova Escola estava sendo difícil. Primeiro, fora mandada para a sala de Dona Anita Cordeiro, depois de uma semana fora transferida para a turma de Dona Mariazinha.
Esta era melhor professora do que a irmã, a Anita. Dona Mariazinha tinha cabelos totalmente brancos e o mais importante, entusiasmo em ensinar. Levava para a sala de aula as suas coleções especiais: casulos de bicho da seda, pedras de diferentes tamanhos, cores e texturas e...milagre dos milagres!!! Em sua sala havia uma biblioteca e os livros eram emprestados todas as sextas-feiras. Era permitido levá-los para ler em casa.
Na sala de aula, tudo perfeito, mas fora, na hora do recreio era um desastre. Ainda não conhecia ninguém, não tinha amigos, não sabia o que fazer nem aonde ir. Muito tímida, observava as outras crianças a correrem, brincarem, conversarem e se sentia extremamente só.
Lá na outra Escola, na pequena cidade onde antes morara, havia estudado por dois anos e meio e conhecia professores e alunos. Tinha amigos, era aceita... Ali, na cidade grande era um desafio a cada manhã.
Sua mãe a acordava bem cedinho. Ela se preparava, pegava seus livros e ia até a esquina, que era um encontro de quatro ruas. Ali havia uma grande árvore. Um “PAU D´ ÓLEO. Ali, ela parava com a desculpa de checar seu material. Olhava para um lado, pro outro, sentava-se nas grandes raízes expostas e esperava para ver se passava alguém que conhecesse. Vã esperança. Ninguém... ninguém.
Então reunia seu senso de responsabilidade, toda a coragem que tinha, sua vontade de aprender, seu desejo pelos livros da biblioteca da Dona Mariazinha e ia para a Escola. Marcha lenta, contando os passos. Talvez chegasse atrasada e não pudesse entrar, talvez não tivesse aula, ou... ou..
Quantas e quantas vezes a tentação de ficar sentada debaixo da árvore, ou de nela subir e se esconder entre os grandes galhos a consumia, mas no fim, fazia sempre o que era certo. Ia para a Escola.
O tempo tudo cura e trás soluções. Assim, em alguns meses, começou amizade com Sther, sua colega de carteira, e com a Eustáquia, que estudava em outra sala, mas era sua vizinha de rua.
A vida seguiu o seu curso normal. Mas o Pau D ÓLEO continuou presente em sua vida. No final de tarde, sua nova amiga Eustáquia, os irmãos dela, as crianças da rua e ela ali se reuniam. Brincavam de roda, de pique esconde, contavam histórias e escutavam as músicas que vinham do rádio da vendinha da esquina.
Sempre que se encontrava sozinha com sua árvore, ela a acariciava ternamente, agradecida por ter sido sua primeira amizade e primeiro conforto na “vida de cidade”.
( Autora: Conceição Aparecida de Carvalho )
Conceição Ap. de Carvalho nasceu em Paineiras mas foi criada em Abaeté tendo estudado na E. E. "Barão do Indaiá" e Colégio Nossa Senhora de Fátima.Trabalhou como professora na Escola "Barão do Indaiá" e na década de 70 se mudou para Lavras.
E foi exatamente a busca por uma foto do Pau D'Óleo que trouxe essa quase abaeteense para me ajudar a escrever a história de Abaeté e região.
Obrigada Conceição, por me permitir publicar o seu conto com cenário e personagens tão meus conhecidos.
( Autora: Conceição Aparecida de Carvalho )
Conceição Ap. de Carvalho nasceu em Paineiras mas foi criada em Abaeté tendo estudado na E. E. "Barão do Indaiá" e Colégio Nossa Senhora de Fátima.Trabalhou como professora na Escola "Barão do Indaiá" e na década de 70 se mudou para Lavras.
E foi exatamente a busca por uma foto do Pau D'Óleo que trouxe essa quase abaeteense para me ajudar a escrever a história de Abaeté e região.
Obrigada Conceição, por me permitir publicar o seu conto com cenário e personagens tão meus conhecidos.
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