Resolvi compartilhar a história de Abaeté com todos aqueles que amam a cidade, a cultura e a própria história mas o enriquecimento desse trabalho vem de pessoas que por acaso encontram o blog e não por acaso guardam um arquivo verdadeiramente grandioso.
E uma dessas pessoas é Francisco de Assis Pereira de Oliveira que vem me presenteando com histórias, documentos e fotos.
Fonte:Arquivo de Francisco de Assis. Santa Casa de Misericórdia.
Seu pai, João José de Oliveira, nasceu em Abaeté mas desfrutou pouco das ruas poeirentas desse sertão das gerais.
Filho de um vaqueiro e da guerreira Judite Rosa ( viúva aos 25 anos de idade) teve oportunidade de ouro ao ser encaminhado para o seminário Franciscano de Divinópolis por volta de 1924/25.
Fonte:Arquivo de Francisco de Assis.Dona Judite Rosa e filhos.
Estava com 13 anos e já ia em busca de conhecimento e também da realização do sonho de quase todas as mães daquela época: ter um filho religioso.
Tudo começou quando João se dirigia à igreja levando um terço da sua progenitora para o sacristão consertar. Ia distraído pelas ruas da cidade contando as contas quebradas do rosário quando foi visto pelo menino Antônio que logo imaginou que ele estava rezando.
Antônio, ou melhor, Antônio Álvares da Silva, nasceu em Morada Nova de Minas ( naquela época distrito de Abaeté) e sua partida para o seminário já estava marcada.E João foi junto.De trem de ferro para Divinópolis e depois de navio para a Holanda.
Fonte:Arquivo de Francisco de Assis. João e Antônio estavam visitando um amigo em Roterdam quando viram o avião e resolveram posar para uma foto.
Antônio voltou e se tornou Frei Orlando.
João voltou antes dele mas não se tornou frei Getúlio.Constituiu família e um dos seus filhos, Francisco de Assis, é quem nos conta essa história.
Francisco não conhece Abaeté apesar de se sentir meio abaeteense e guardar ao longo dos anos lembranças e fatos relatados por seu pai e familiares.
Como ele mesmo diz “a cultura pertence ao povo” e sendo assim não deve ficar engavetada correndo o risco de ser algum dia consumida por traças ou emboloradas pelo esquecimento.
Fonte:Arquivo de Francisco de Assis.Data desconhecida.
Segundo ele a foto foi tirada do alto do campanário da Igreja e podemos ver homens com chapéus na mão e crianças. Parece ser um evento religioso.
Fonte:Arquivo de Francisco de Assis. Data desconhecida.Atual Praça Dr. Canuto.
Fonte:Arquivo de Francisco de Assis.Data desconhecida.
Santa Casa de Misericórdia.
Fonte:Arquivo de Francisco de Assis. Igreja Matriz Nossa Senhora do Patrocínio- ainda em construção.
Além de fotos antigas e raras, das narrativas carregadas de emoção que aos poucos irei publicando, ele também tem enviado informações importantes sobre a cidade no século XIX.
Uma delas diz respeito a um relato sobre as riquezas minerais de nossa região. Trata-se da viabilidade de mineração de uma mina de Galena (minério de onde se extrai o chumbo e a prata) em Abaeté através de estudos de Jean Antoine Felix Dissandes de Monlevade – João Monlevade- especialista francês em mineração que chegou em Minas Gerais em 1817.
O relato se encontra no livro Monlevade, Vida e Obra da historiadora Juliana Maria do Nascimento Passos.
O relatório original está publicado numa revista do Arquivo Público Mineiro.Para acessá-lo clique no link abaixo:
Obrigada Francisco por estar me ajudando a resgatar e escrever a história de Abaeté...