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sexta-feira, 31 de julho de 2020

HISTÓRIA E MEMÓRIA DE MARIA DE LOURDES MENDES PARTE 05


Crônica escrita pelo amigo Wagner Túlio Pereira (de Abaeté, mora atualmente em BH) A foto é da casa, cenário desta crônica), onde hoje é o Supermercado Ki Barato.


O FERREIRO DO ABAETÉ

           WAGNER TULIO PEREIRA

O nosso Abaeté antigo tinha um ferreiro ou melhor araponga, que veio do Mato Grosso para a residência dos irmãos Morato. Mal amanhecia o dia já começava a cantar, ou melhor a bater o ferro na bigorna emitindo aquele som estridente e ensurdecedor. Parecia que seu canto nos dizia: Despertai! Despertai! Acredito, que toda a cidade ouvia aquele martelar logo cedo zunindo nos ouvidos dos seus habitantes. Alguns diziam que achavam bonito aquele som estranho, outros horrizavam e até pensavam em fazer queixa na delegacia. Hoje sinto que aquele pássaro estranho já fazia parte da família Morato. Eles eram pessoas trabalhadoras, que vieram de Pitangui trazendo o dinamismo, a coragem e o trabalho para toda a região. O armazém (palavra antiga e desconhecida no mundo de hoje) era composto de um velho balcão e uma grande quantidade de sacaria de arroz, sal, banha de porco e tambores de querozene. Ainda hoje sinto o cheiro desse querozene e da banha de porco. A luz elétrica da região era muito fraca e a população utilizava o danado do querozene para acender as lamparinas de pavio. O Darcy Morato e o seu irmão Nazareno comandavam aquele comércio estupendo com movimentação intensa de carros de boi, charretes e caminhões, que levavam os mantimentos para as roças e cidades vizinhas. Hoje seriam chamados de empresários, mas eram comerciantes mesmos. Pessoas simples, alegres e respeitosas com todos, ricos ou pobres. Não posso esquecer da minha professora Enedina Morato. Muita elegante e educada com todos os alunos. Devo a ela sua paciência e carinho ao nos ensinar a ler e a escrever. Fiquei sabendo anos depois, que ela cuidava daquele ferreiro barulhento.Será se ele tinha um nome? Em frente ao Armazém ficava o comercio de tecidos, roupas e aviamentos do Waldir Morato. Eu Ficava alegre em ir lá comprar aviamentos para minha avó que era costureira. Carretéis de linha, alvejado S, botões, agulhas e tudo mais para uma boa costura. Recordo das filhas bonitas do Waldir e do seu empregado Luizico, sempre sorrindo e fazendo piadinhas. Ao lado do comércio morava o Miguelão, solteirão, bravo e muito rico. Habitava uma casinha simples, porém o lote era cheio de mangueiras e jabuticabeiras. Na época das jabuticabas a meninada gostava de fazer uma visita por lá para saborear a doçura das frutas. Diziam as más línguas que o Miguelão era do Cedro e costumava dar uns tiros para espantar a turma de crianças e rapazes do Bar Brasilia que por lá passava. Logo ali na esquina tinha o comércio do “Seu Manuelzinho”. Sempre muito atencioso e com a loja dos melhores tecidos e aviamentos da região e com uma família fabulosa. Sua filha D. Helaine também foi minha professora no Tenente Ezequiel. Sempre muito carinhosa e paciente com aquela meninada encapetada. Seu pai tinha um sorriso angelical, característica herdada pelos filhos e filhas. Naquela época, o dinheiro era curto e não tinha muita coisa para comprar, mas tínhamos o essencial para viver. Vivíamos felizes e alegres. Não tinha esse tanto de doenças e neuroses coletivas. Após um longo tempo em minha jornada ainda ouço o canto do ferreiro ou araponga em meus ouvidos, talvez querendo me dizer....Despertai! Despertai! Despertai! Acorda para o seu mundo interior. Simplifica tudo! Sinta a beleza da vida e da natureza. Nada é permanente. A impermanência é uma constante no Universo. A vida é uma ilusão que passa suavemente como um trem que passa na Estação do Paredão e não irá parar nunca mais.....Despertai!

Maria Helena Avelar Carvalho Volto no tempo lendo suas narrativas. Chequei a ouvir o " Ferreiro" e sentir o cheiro do armazém do Darci/ Nazareno. Que saudades!

Selma Sônia Texto maravilhoso, que histórias lindas, desconhecidas de muita gente. Muita saudades do passado tão gostoso que não volta mais.

Maristela Oliveira Me lembro do canto do ferreiro e do Nazareno, amigo e companheiro de pescaria do meu pai. Quase todos os domingos o Nazareno enchia de amigos a carroceria do caminhão coberta por uma lona e iam pescar na Represa de Três Marias nas imediações de Abaeté.
Quando papai voltava das pescarias era uma festa, pois além de peixe ele trazia coco, manga e outras frutas do cerrado.
Teve uma vez que ele trouxe um jacaré vivo e muitas pessoas foram à nossa casa para ver o animal de perto.
Era divertido.

Clemente Antonio Nicoli A poucos metros de lá tinha o armazém do .Sebastião Borba da Silva..vulgo JULICO.. PESSOA BONISSIMA.muitas é muitas vezes buscava mercadoria em BH no armazém dos mortos pra o armazém do meu pai.Antonio Nicoli...vulgo NINO nicoli...isso faz um bom tempo...porque eu já tenho mais de 35 anos....kkkkkk

Darcy Morato
Maria de Lourdes Mendes

Continuando a história dos Morato, lembro bem do grande comerciante de Abaeté Darcy Morato e de seus irmãos. Os Morato também trouxeram muita gente trabalhadora para Abaeté, inclusive o meu primeiro empregador José Antônio Toledo que ajudou muito Abaeté, teve escritório “ Contabilidade Andréa “, em frente ao Raimundo Celeiro, empregou e ensinou muita gente, deu aulas de Contabilidade na CNEC.
Darcy Morato, foi um grande amigo do meu pai. Sempre viajava para BH, não gostava de viajar sozinho chamava meu pai prá ir junto e permitia que minha irmã e eu fosse também. Dava verdadeiras aulas prá nós no caminho , mostrava, explicava e ensinava as coisas da vida. Chegando em Belo Horizonte era maravilhoso ver aquelas lojas cheias, Ingleza Levi, Abdalla e outras e ele contava as histórias daquelas lojas. Chegamos a ir e voltar no mesmo dia, só pelo prazer de sua companhia. Foi uma das pessoas marcantes na minha vida!

Antonio Ferreira A expressão “sou de Abaeté tem base” foi criada pelo Capilé, que escreveu no pára-lama do caminhão Mercedes do Darcy; e, rodava o Brasil inteiro carregando mercadorias, e divulgando a famosa Frase!!!

Antonio Ferreira Foi através do José Antônio, que me levou para Capital, que estudei Direito, tive o primeiro emprego em BH, e foi exatamente no escritório da empresa de Cereais de WALDIR Morato. Lembrança boa! Lá se vão os idos de minha vida!

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