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quinta-feira, 19 de julho de 2012

JORNAL TRIBUNA DE ABAETÉ- DEZEMBRO/91-JANEIRO/92

Fonte:Arquivo particular do historiador abaeteense Antônio Campos de Abreu.


D. Helena revive o passado
Conversar com D. Helena é acrescentar à história de Abaeté um capítulo inédito devido aos "causos" que ela sabe,por tê-los vividos ou ouvido de outras pessoas que a antecederam.

Helena Álvares de Almeida, mais conhecida por D. Helena do Papa ou do Edgardo Abreu, descendente direta do Barão do Indaiá, traz consigo verdadeiras relíquias e guarda histórias que são realmente interessantes e agrada a qualquer filho dessa terra hospitaleira, pacata e progressista, outrora cheia de emoções fortes de sua gente brava que sempre brigou pelo progresso desta terra-mãe.

Certamente você obterá detalhes curiosos em seus "causos" na evocação daqueles intrépidos abaeteenses que nos antecederam em décadas passadas.Naquele tempo onde um fio de barba ou cabelo valia mais que uma nota promissória avalizada e registrada em cartório, havia mais solidariedade humana, diz D. Helena. Parece que em seus "causos" perfila gente tão nossa, como se os antigos fossem uma só família, tamanha a força comunicativa dessa extraordinária senhora, conduzindo personagens passados, num clima de presença tão real,que às vezes nos sentimos emocionados.


Em sua residência, na esquina da antiga Rua Francisco Campos com Avenida Delfim Moreira (...).Hoje essa rua e avenida ganharam benfeitorias próprias do progresso e ostentam nomes de bravos abaeteenses como Teodoreto de Paiva e Simão da Cunha.


Na sala, depois da copa, recebeu-me com cortesia; sabendo do que se tratava, educadamente mostrou-me fotografias de 1932, 38, 40 e 50. Pode sentir um Abaeté diferente , sem calçamento, com velhos casarões iluminados pelas lâmpadas de ambos os lados dos postes no meio da rua, energia e luz que davam para movimentar e iluminar uma cidade em crescimento, geradas pela Cia Força e Luz de Abaeté.


Numa das fotografias recordamos um desfile militar à moda antiga dos tiros de guerra, com os desfilantes vestidos de brim cáqui, com polainas e suspensórios apertados e quepes do mesmo tecido da farda, empunhando pesados fuzis, importados dos Estados Unidos.Abaeteenses todos de chapéus, alguns de gravatas, mulheres com saias além dos joelhos, crianças descalças, com paletós, gente ao lado da calçada embaixo de frondosos paus D'Óleo e eucaliptos enormes. Mais adiante, diversos cavaleiros no meio da praça Tiradentes onde foram armadas barraquinhas pelo prefeito José Tavares Pereira, e uma enorme faixa entre os galhos dos pés de eucaliptos, em reconhecimento aos benefícios prestados pelo prefeito e pelo governador Benedito Valadares. 

Na sala de D. Helena, existem 5 berrantes e cada um deles conta uma história, um deles pertenceu a seu pai Frederico Zacarias Álvares de Almeida (Papa), ouro foi-lhe presenteado pelo cantor Barrerito em períodos da campanha política para eleger Tancredo Neves governador de Minas, quando esteve em Abaeté. Outro pertence a seu filho Edward, etc.


Entre os objetos antigos, possui relógios,marcas ômega e James Poole, ambos dourados, o primeiro foi de seu sogro Tonico Teófilo e o segundo pertenceu ao barão do Indaiá. Uma cristaleira antiga, porém brilhante e bem cuidada, cheia de objetos raros, tais como xícaras, pratos e bandejas de porcelanas, jarra e bacia de louça do século XVIII, compoteiras e outros objetos outrora úteis e hoje enfeites raros, como um candeeiro, um funil de cobre e um enorme garrafão pertencentes ao alambique do barão.


Um enorme cofre de duzentos anos atrás, compra de Luiz Gonzaga e ouros objetos que vieram de D. Janota como uma escrivaninha de cedro com data visível de 1881(...)


Seus casos mais interessantes são os de caçadas que envolviam gente importante como: Papa, Lili, Dr. Amador, Dr. Valdir, Melo Viana, Santinho, Lulu, Ernesto, em Paracatu em outros lugares, quando essa atividade era um esporte pouco vigiado pelos florestais. Campanhas políticas, casos curiosos de nossos administradores (...)

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