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terça-feira, 17 de novembro de 2020

DR CANUTO ALVES DE SOUSA CRUZ


O texto foi escrito por Maria de Lourdes Mendes e publicado no Grupo Fotos Antigas de Abaeté no dia 16 de novembro de 2020.

E por falar em político importante...
Doutor Canuto Alves de Sousa Cruz
Doutor Canuto, foi uma pessoa muito importante na minha vida. Minha família morava no anexo da Santa Casa de Misericórdia de Abaeté, onde hoje é a UPA, pois meu pai e minha mãe eram enfermeiros, nasci e fui crescendo ali naquela Santa Casa. Quando comecei a andar todos os dias quando Dr. Canuto ia embora, pegava no seu dedo mindinho e o levava até o portão dos fundos e despedia dele. Quando foi prefeito de Abaeté, promoveu um concurso público para suprir vagas de cinco cargos de funcionários que haviam aposentado. Professor Laércio que fazia parte da comissão do Concurso, me contou que ele ficou muito surpreso e feliz quando viu o nome da filha da Dona Zica que trabalhou com ele e da qual gostava muito, entre os aprovados. Dr. Canuto era muito inteligente, tinha muitos méritos, mas foi a pessoa mais simples e de coração sincero que conheci, tratava a todos com igualdade, descrição e respeito. Foi um dos melhores prefeitos de Abaeté ! Deu prioridade aos esgotos, pois preocupava-me muito com a saúde pública. A construção dos esgotos não era fácil, eram cavados muitos metros prá baixo da terra, de um lado na rua, dava muita mão de obra e as máquinas eram escassas. Lembro de um caso que aconteceu com um funcionário chamado Adão, trabalhava na rua na construção dos esgotos e uma grande parte de terra caiu em cima dele e quebrou muitos ossos, ficou todo quebrado como dizia o povo da época. Foi para o Hospital do IPSEMG ( Instituto que dava assistência médica aos funcionários) em Belo Horizonte e fez diversas cirurgias. Colocaram tanta platina no seu corpo que diziam, ficou uma fortuna para o Instituto. Depois que voltou pra casa, recuperou-se e voltou ao serviço. O IPSEMG mandava sempre um fiscal para acompanha-lo, pois quando falecesse teriam que retirar a platina. Um tempo depois o Instituto resolveu levá-lo para trabalhar dentro do IPSEMG para não o perder de vista. Dr. Canuto fez a Lagoa de decantação ( Lagoa Sanitária para onde correria o esgoto da cidade ). Esta lagoa foi muito bem planejada, com a mais alta tecnologia da época. Lembro do Engenheiro sanitarista falar que se fosse cuidada da maneira correta, resolveria o problema de processo de decantação de esgoto em Abaeté e que podia até beber de sua água de tão purificada. Dr. Canuto, um grande prefeito que passou e fez o que tinha que ser feito, sem se preocupar com os aplausos e elogios!

domingo, 15 de novembro de 2020

ELEIÇÕES MUNICIPAIS 2020



TOTAL DE VOTANTES: 14.386    VÁLIDOS:13.802
 
BRANCOS: 234   NULOS: 332    ABSTENÇÕES:4.445

IVANIR DELADIER DEM             5 014 - 36,33%

MARCELO TECO                         4 900 - 35,50%

PRETO                                          3 132 - 22,69%

ROSA PSICÓLOGA                          470 -   3,41%

FERNANDO PEIXINHO                    286 -   2,07%


VEREADORES ELEITOS

1-ROSINHA DO CELINHO DO FIO ARRUDA-DEM-1.356

2-LUAN DO JOÃO LUIZ-DEM-653

3-NEM DO HOSPITAL-DEM-578

4-JÚ DA VACINA-DEM-562

5-VAVÁ RIBEIRO-DEM-550

6-CARLOS DA AUTOESCOLA-MDB-517

7-LUIZ DA PAMONHA-MDB-499

8-DRA.. SILVANA-PTB-450

9-MIGUEL DA LAGOA-PTB-319

SUPLENTES: 
 
TATAIA-DEM-541

ROSSINI-DEM-449

GEOVANI SOARES-DEM-444

SALMINHO DA LOTAÇÃO-DEM-441

PEDRO SOUSA-PSD-347

ROBSON PROFESSOR-DEM-338

FLAVIANO DA AMBULÂNCIA-PSD-300

ANDERSON SILA DUDU-MDB-285

GILMAR VENDEDOR-MDB-274

SUELY DO TÕE MARIA-PTB-269

CÓ PADEIRO-MDB-233

JORGE MATIAS ADVOGADO-DEM-213

VADO ANDRADE-PTB-203

JAQUELINE DENTTISTA-MDB-195

KLEBER TICKET-CIDADANIA-182

CELESTE-PTB-176

FABY GONTIO-PDT-175

WAGNER DOMINGOS TAXISTA-MDB-170

ESTRIBADINHO-PTB-159

SIDNEI DO SALÃO MAGAL-MDB-146

ELAINE RIBEIRO PROFESSORA-PSD-136

ZÉ VICENTE DA CAF-PTB-118

NELCY ASSISTENTE SOCIAL-PTB-106

VIVIANE DOCE PECADO-PTB-106

TONINHO RAL CRAU-PDT-104

GERALDINHO DO ESCOLAR AMARELO-PDT-99

RAFAEL DO SÔ ORLANDO-PTB-87

MAURÍCIO PATÃO-PTB-70

JOÃO PAULO DO ROMINHO DENTISTA-PDT-67

ALAOR DO SUPERMERCADO-CIDADANIA-67

GERALDO PEDREIRO-CIDADANIA-63

MERCÊS-MDB-63

OSVALDO OPERADOR-PTB-57

JEAN DA AMBULÂNCIA-MDB-56

LOURDES DO TONINHO PAVÃO-CIDADANIA-54

MÁRCIA FAGUNDES-PDT-52

DÉ EVANGÉLICO-CIDADANIA-50

MARLY DO NOSSO JORNAL-PSD-48

DUDU-PDT-46

PROFESSOR RODRIGO-PSD-45

ZEZINHO PROFETA-PTB-44

CRISTINA DO HOSPITAL-DEM-41

GUILHERME DO ZEZÉ LEITEIRO-PSD-40

LEGA LEGAL-CIDADANIA-24

MARIA ALICE DO DR ALOYSIO-DEM-23

TATÁ-CIDADANIA-21

CIDINHA SILVA-PDT-17

MARCELO CÃO-PDT-16

CALAZANS SOARES- CIDADANIA-14

ELAINE-MDB-14

MÁRCIA-CIDADANIA-12

ELISÃNGELA-MDB-07

CLÉIA-PDT-06

JAQUELINE DO MARMELADA-CIDADANIA-03

DO FUNDO DO BAÚ



Fonte:Publicação de Rita Sousa no Grupo Fotos Antigas de Abaeté dia

Fonte:Publicação de Rute Faria no Grupo Fotos Antigas de Abaeté dia

sábado, 14 de novembro de 2020

POLITÍCOS DE ABAETÉ



GRANDES POLÍTICOS DO ABAETÉ / Wagner Túlio de Faria Pereira

O nosso Abaeté sempre teve bons políticos, principalmente vindos da área médica e do direito. Podemos citar o líder do PSD Dr. Amador, reconhecido médico dos pobres.O Dr. Canuto, médico sanitarista e cirurgião, que implementou a rede de esgoto por quase toda a cidade. Homem simples e do povo, que teve uma grande preocupação com a saúde da população. Hoje temos que pensar em projetos sustentáveis para a questão do lixo e do esgoto para as pequenas, médias e grandes cidades. Quando criança adorava brincar nos buracos feitos para a rede de esgoto. Toda a cidade era feita de buracos. Os bebuns daquela época, muitas vezes, caiam nessas valas e era um trabalhão tirá-los de lá. O Zé barata que gostava de gritar em época de eleições “viva o Dr. Amador” não facilitava para não cair nos buracos do Dr Canuto. Esse grande médico e prefeito do PR (partido republicano) preservou e ampliou a água pura do Abaeté, extraída da “sonda”. Somente quem já bebeu dessa água da fonte sabe que provou da água benta dos deuses. Era uma água mineral, saborosa, viva, inebriante e curativa. Lembro que no Abaeté poucas pessoas adoeciam. Tinha poucas farmácias, poucos médicos e fora as lombrigas da criançada, que eram expurgadas com o chá de erva de santa Maria e os famosos purgantes que limpavam até a alma do povo.

Tivemos grandes políticos como o Dr. Amador, Dr. Aluisio da Cunha Pereira, Dr. Carlos Valadares, Dr. Edgardo, Dr. Guido e dezenas de outros abaeteeenses ilustres que trabalharam com força e honestidade. Até a presente data não inventaram outro sistema melhor que a democracia. Devemos lembrar que estamos num momento crítico em todo mundo e no Brasil não é diferente. Crise moral, de valores e econômica. Temos uma desigualdade social absurda, onde os ricos estão cada dia mais ricos e os pobres cada vez mais pobres. Até quando? Somos responsáveis por escolher pessoas que não tem compromisso com a população como um todo. Devemos lutar por uma ética na política, respeito as leis,, aos valores democráticos e respeito à natureza e questões ambientais. Apenas isso já teríamos formado uma grande nação. Buscar um voto consciente em todos os níveis para que sejamos representados nas camâras municipais e no parlamento por pessoas dignas, honestas e que visam o bem estar da coletividade. Vamos buscar não acreditar em promessas vãs dos candidatos irresponsáveis que apenas visam enganar o povo. Vamos então valorizar o nosso voto e dar vivas a democracia.





Esse texto foi publicado no Grupo Fotos Antigas de Abaeté no dia 14 de novembro de 2020.

GERALDO ROSA DA TRINDADE

ELEIÇÕES.....FESTA DEMOCRÁTICA E TENSÃO

Sempre gostei muito de política, e quando criança na época de eleições, brincava com os primos de sermos candidatos a Prefeito, uns eram do PSD (Partido Social Democrático) e outros da UDN (União Democrática Nacional). Mais tarde ARENA (Aliança Renovadora Nacional) e MDB (Movimento Democrático Brasileiro). Era época do bipartidarismo, quando apenas dois partidos detinham a hegemonia dos processos eleitorais. Me lembro de algumas eleições para Prefeito de Abaeté e estas me marcaram muito porque torcíamos para um ou para o outro candidato, minha família tinha as suas preferências, tinham as suas vocações partidárias. Eleições muito vivas na minha memória são dos Dr. Aluísio da Cunha e Dr. Carlos Geraldo Valadares; foram realmente festas democráticas e embora ainda eu não votasse, vivenciava todo aquele movimento de campanha e curtia muito. Já adulto e morando em outra cidade, ainda voltei duas vezes para votar, pois mantive meu domicílio eleitoral em Abaeté por um longo período. Na época da Faculdade de Direito, por iniciativa de estudante, passei a gostar mais ainda de política, mas de uma forma mais analítica e mais racional. Porém, política é uma combinação de fatores que fogem à lógica da razão ou da análise. Apesar de tudo, continuo gostando muito de política, mesmo com tantos adjetivos que a política e o multipartidarismo trouxeram ao longo dos anos.

Voltando à nossa querida Abaeté, o bipartidarismo era motivo para separar as relações familiares e provocar muita tensão e até morte, em meio à festa da democracia. Praticamente eram duas famílias "mandantes" na política, ou seja, eram dois sobrenomes que dominavam o poder. Das famílias próximas às duas famílias detentoras do poder, também saíam os representantes da Câmara de Vereadores e os demais cargos de confiança, como Secretários, Delegado Municipal, Juiz de Paz e outros.

Segundo meus familiares do passado (pai, tios, avós), embora as eleições fossem realmente uma festa democrática era um período de muita "tensão", pois as pessoas estavam sempre se exaltando por causa de seus Partidos Políticos ou Candidatos. Há que se lembrar que naquela época, boa parte dos homens andavam armados e aqueles que eram os chefões ou mandatários, mantinham alguns seguranças (jagunços mesmo!), prontos para o que desse e viesse.

Há casos na minha família, em que numa véspera de eleições municipais, alguns desses "seguranças" de Partidos Políticos, invadiu residências de parentes e confiscou os seus Títulos Eleitorais sob ameaças (armas de fogo), e só os devolveu no dia seguinte na boca da urna. Parece absurdo que isso ocorria na nossa querida cidade, até a década de 1960, mas é a mais pura verdade, contada por que as vivenciou.

Hoje vivemos numa época de multipartidarismo ou pluripartidarismo, onde cada cidadão tem direito a escolher livremente, seu Partido Político e seus Candidatos a quaisquer que sejam os cargos. Embora estejamos vivendo uma fase de radicalismo e extremismo de todas as frentes partidárias e ideológicas, ainda assim teremos no dia 15 de novembro de 2020, mais uma oportunidade de escolher os nossos governantes e os nossos legisladores municipais.
Acompanho a distância e sei que a nossa querida Abaeté, conta com 5(cinco) candidatos a Prefeito e vários candidatos a Vereador. Dessa forma, fruto do processo democrático, não faltarão opções pra que o cidadão abaeteense não faça do seu direito de escolha (voto) um lixo, consequentemente da Urna, uma lixeira.

Escolha os seus candidatos pensando na cidade e em todas as pessoas que nela habitam. Pense que a sua escolha interferirá na vida de todos.
Façam dessas Eleições, uma Festa Democrática, sem Tensão!

Esse texto foi publicado no Grupo Fotos Antigas de Abaeté no dia 07 de novembro de 2020.

terça-feira, 10 de novembro de 2020

FREI CARLOS JOSAPHAT


Por Cristiane Ribeiro
Agradecendo, em nome da família, pela homenagem tão linda e emocionante, transcrevo aqui o texto do provincial Frei José Fernandes Alves, publicado pelo Informativo da Província Frei Bartolomeu de Las Casas – Dominicanos no Brasil, de 09 de novembro de 2020:





FALECEU HOJE O TEÓLOGO DOMINICANO, FREI CARLOS JOSAPHAT
               Goiânia, 9 de novembro de 2020

Frei Carlos Josaphat, que celebrou os seus 99 anos de idade na última 4ª feira e estava hospitalizado há um mês, viveu sua Páscoa hoje às 20:20 horas, em Goiânia, onde morava há dois anos para cuidados especiais com a sua saúde, juntamente com seus irmãos dominicanos no Convento São Judas Tadeu, carinhosamente chamado de “Comunidade Samaritana”.

Nascido na cidade de Abaeté, Minas Gerais, no dia 4 de novembro de 1921, Frei Carlos tinha 10 anos de idade, quando seu pai faleceu e, dois anos depois, foi estudar no Seminário de Diamantina. Seus primeiros estudos de Filosofia e Teologia foram feitos em Petrópolis, RJ. Ordenou-se presbítero no dia 8 de dezembro de 1945 e, logo em seguida, iniciou sua dedicação ao ensino da Teologia, começando pelo Seminário onde estudou, seguindo depois com a mesma missão em Fortaleza e Recife, onde teve o primeiro contato com o educador Paulo Freire.   

Com 32 anos de idade e com 7 anos de ordenação presbiteral, tornou-se frade dominicano, fazendo sua profissão religiosa em 11 de junho de 1953; ele pertenceu inicialmente à Congregação da Missão de São Vicente de Paulo, também conhecidos como lazaristas. Sobre esta Congregação, Frei Carlos assim se expressou: “deles recebi e a eles agradeço minha formação no nível secundário e superior”.

O jovem dominicano, em julho de 1953, parte para a França em vista de aprimorar seus estudos, onde permaneceu por 4 anos; oportunidade em que teve o primeiro contato com alguns dos teólogos que muito contribuíram para a renovação da Igreja Católica e com outras pessoas, cujos pensamentos muito ajudaram na defesa dos Direitos Humanos: Karl Rahner, Congar, Chenu, Jacques e Raisa Maritain, Etienne Gilson e Emmanuel Mounier.

De volta ao Brasil, sempre muito inquieto, antenado e corresponsável com o mundo, com a humanidade e com a Teologia, em fins da década de 50 e início dos anos 60, com o impulso especialmente do Ensino Social do Papa João 23, o frade dominicano engajou-se política e socialmente e, com o apoio da Juventude Universitária Católica – JUC – e da Ação Popular – AP –, lançou o jornal Brasil Urgente, cujo lema era “A verdade, custe o que custar; a justiça, doa a quem doer”.

Este periódico foi fechado pela polícia política da Ditadura, em 1º de abril de 1964. O teólogo já dizia: “é preciso dialogar por cima dos muros”, referindo-se aos dois blocos: capitalista e comunista. Apesar do grande apoio que sempre teve de seus irmãos dominicanos, seus pensamentos e suas atitudes custaram-lhe muitos aborrecimentos, tais como: “Fora padre comunista”, dizia uma pichação anônima na porta da Igreja São Domingos, no bairro das Perdizes, em São Paulo, onde celebrava missas muito frequentadas, em razão de suas homilias.

Nesta época, Paulo Freire e Carlos Josaphat sentiram uma grande convergência aos projetos e ideais de despertar a consciência e a militância em todo o povo brasileiro. O encontro se dava, sobretudo no diálogo entre a ética e a pedagogia libertadora. Frei Carlos, juntamente com dezenas de lideranças sociais e educadores, entre os quais Paulo Freire, Darcy Ribeiro e Frei Mateus Rocha – também frade dominicano –, participou da elaboração de um projeto de educação popular da nova capital federal, a nascente cidade de Brasília. Josaphat afirmava: “a revolução cultural, que era a nossa bandeira, nada tinha que ver com derramamento de sangue. O nosso ideal era difundir a paz e ajudar o povo a crescer na formação, em verdadeira liberdade de pensar, superando a manipulação dos grandes jornais e dos grandes capitais concentrados”.

O frade dominicano, “convidado antes da hora, a experimentar outros climas”, viveu na França e na Suíça por 30 anos, oportunidade inclusive em que se reencontrou com o mestre da educação popular, ambos exilados, devido à ferrenha oposição à Ditadura no Brasil. Doutorou-se em Paris com a tese “Ética da Comunicação Social e do Jornalismo”, estagiando inclusive no Jornal Le Monde. Na Suíça, além de professor de Teologia por 27 anos; pesquisador e escritor também em língua francesa, ele atuou na defesa dos Direitos Humanos de trabalhadores estrangeiros, especialmente brasileiros. Em 1977, recebeu a notícia do falecimento de sua mãe, através de um telegrama.

Frei Josaphat voltou ao Brasil em 1994, lecionando Teologia e publicando uma série de livros, sendo uma de suas grandes paixões as causas de Frei Bartolomeu de Las Casas. Sua militância intelectual pode ser sintetizada em pesquisador, escritor, professor e conferencista, cuja centralidade fica por conta de questões teológicas, sociais e éticas, com o recorte de desafios, especialmente da pós modernidade. Ele é autor de 63 livros e de incontáveis artigos.

Na conjuntura de hoje – com as nossas alegrias e os nossos sofrimentos – por fidelidade aos ensinamentos-heranças desta semente mineira, cuidemos de nossa espiritualidade, a exemplo do que ele afirma em seu livro Evangelho e Revolução Social (1962): “a dimensão social é essencial à consciência cristã, sem ela a atitude cristã estará deformada e radicalmente inautêntica; o cristianismo é, ao mesmo tempo, um movimento religioso de procura a Deus e uma sede de Justiça”.

Consumada a história deste frade dominicano, “na docilidade do Espírito”, convido a cada pessoa que tiver contato com este texto a participar do mutirão orante em ação de graças a Deus pela profunda presença humana e teológica de Frei Carlos Josaphat entre nós. 

Ao plantarmos, em Abaeté, o corpo deste nosso irmão muito querido, teólogo, escritor, conferencista, professor emérito da Universidade de Friburgo, professor de nossa Escola Dominicana de Teologia – EDT, do Instituto de Teologia de São Paulo – ITESP – e doutor honoris causa pela PUC de São Paulo, peçamos a Deus que esta semente brote, cresça e produza muitos e inspiradores frutos, para que a humanidade possa verdadeiramente “Crer no Amor Universal” (2001), que é o título de outro de seus livros de Teologia.

Expresso aqui – em nome de uma multidão de gente – a nossa gratidão e nosso carinho a toda a família de Frei Carlos, seus dois irmãos, suas quatro sobrinhas e seus oito sobrinhos-netos. Ele tem uma irmã religiosa e dois irmãos falecidos! Nosso sentimento de gratidão também vai a cada pessoa que teve a graça de conviver com ele, quer em seu serviço de escritor, de professor e de conferencista, bem como àquelas que dispensaram, com tanto carinho, os cuidados à saúde dele.

Celebraremos uma “missa de corpo presente” na Igreja São Judas Tadeu, no Setor Coimbra, em Goiânia, amanhã, dia 10 às 8 horas, após o que o corpo retornará para Abaeté, seu berço natal, onde será celebrada outra Eucaristia, na 4ª feira, dia 11, às 9 horas, seguida do sepultamento, no cemitério local. 

Na fraternura do Reino,
Frei José Fernandes Alves, OP. - Prior Provincial -



ABAETÉ PERDE UM DE SEUS FILHOS ILUSTRES. O NOSSO QUERIDO "PATUREBA".
FREI CARLOS JOSAPHAT PINTO DE OLIVEIRA.
ANTÔNIO ZACARIAS ÁLVARES DA SILVA

Frei Carlos Josaphat Pinto de Oliveira, OP, (Abaeté, 4 de novembro de 1921 - Goiânia, 9 de novembro de 2020), foi um teólogo dominicano brasileiro, professor emérito da Universidade de Friburgo, Suíça, Dr. Honoris Causa pela PUC Pontifícia Universidade Católica de São Paulo em 2014.

Carlos Josaphat nasceu na pequena cidade de Abaeté, no centro do estado de Minas Gerais. Aos 12 anos, deixou a cidade para estudar no Seminário Menor de Diamantina. Posteriormente transferiu-se para Petrópolis, a fim de estudar filosofia e teologia. Foi ordenado em 8 de dezembro de 1945. Entre 1946 e 1950, ensinou no Colégio do Caraça, no Seminário de Mariana e, finalmente, no Nordeste do Brasil, especialmente nas cidades de Fortaleza e Recife, onde conheceu Paulo Freire, de quem viria a ser amigo. 

Ingressou na Ordem dos Dominicanos em julho de 1953. No mesmo ano, partiu para a França, onde permaneceu até o primeiro semestre de 1957. Nesse período, teve o primeiro contato com os grandes teólogos que iriam colaborar na renovação da Igreja - tais como o jesuíta Karl Rahner (1904-1984), e os dominicanos Yves Congar e Marie-Dominique Chenu - e na defesa dos Direitos Humanos - como Jacques Maritain, Etienne Gilson e Emmanuel Mounier. 

Voltando ao Brasil, ainda em 1957, foi encarregado de orientar os estudos e a vida intelectual dos dominicanos no país, tarefa que exerceu até dezembro de 1963. 

Tornou-se conhecido nos anos 1960, por seu engajamento político e social. Com apoio da Juventude Universitária Católica (JUC) e da Ação Popular (AP), fundou o semanário Brasil Urgente, que circulou entre março de 1963 e 1° de abril de 1964. O jornal propagava a militância social e foi alvo de ataque dos católicos conservadores até ter suas atividades encerradas durante o golpe militar de 1964, quando a polícia política invadiu a redação e fechou o jornal. "Fascistas preparam golpe contra Jango!", dizia a manchete da última edição (número 55) do Brasil Urgente "Fora padre comuna", dizia uma pichação anônima na porta principal da Igreja de São Domingos, no bairro das Perdizes, em São Paulo onde o frade celebrava missas muito frequentadas em razão das suas homilias. 

Em dezembro de 1963, Frei Josaphat partiu novamente para a França Continuou, porém, a colaborar com o Brasil Urgente, até o fechamento do jornal. 

Da França, transferiu-se para a Suíça, por ordem do Vaticano e por pressão do núncio apostólico em Brasília, D. Sebastiano Baggio. Nos 30 anos seguintes, não voltaria ao Brasil .
Em 1965, obteve seu doutorado em Paris, com uma tese sobre a ética da comunicação social. Até 1993, foi professor de ética da comunicação no Instituto de Jornalismo e Comunicação Social da Universidade de Friburgo, da qual é professor emérito. 

Em sua vida universitária, seus escritos e conferências a preocupação de Carlos Josaphat se concentra nos problemas sociais, nos desafios éticos da civilização científica e tecnológica e especialmente nas relações entre a ética e o cristianismo diante dos desafios da modernidade e da pós-modernidade.

De volta ao Brasil no segundo semestre de 1994, voltou a lecionar na Escola Dominicana de Teologia, no Instituto Teológico do Estado de São Paulo (ITESP) e em outras universidades do Brasil, além de ter publicado mais de duas dezenas de livros.

Estudioso de Tomás de Aquino, comentou as questões sobre a Justiça da Suma Teológica. Segundo Frei Josaphat, no pensamento de São Tomás, a propriedade privada não é uma concessão à fraqueza humana pois permite ao Homem exercer suas responsabilidades em relação à criação e à sociedade. Mas ela deve resultar de leis justas e de costumes virtuosos por parte da comunidade dos cidadãos, de maneira a escapar a qualquer privatização da moral e a utilizar as riquezas tendo em vista o bem comum.[6]

Outro importante assunto da obra do Frei Josaphat é a vida e obra do também dominicano Bartolomeu de Las Casas. Faleceu, em Goiânia no dia 9 de novembro de 2020, cinco dias após ter completado noventa e nove anos. 
Bibliografia parcial

De Frei Carlos Josaphat [9]
• Prolégomènes à une Morale de la Penséed’après la Nature et les Conditions Humaines de la Connaissance. La Sainte Baume: Saint Maximin, 1956.
• A justiça social na Bíblia e no ensino da Igreja. São Paulo: Apostilas Pro manuscripto, 1961.
• Evangelho e Revolução Social. São Paulo : Livraria Duas Cidades, 1962.
• Evangelho da unidade e do amor; texto e doutrina do Evangelho de S. João. São Paulo: Livraria Duas Cidades, 1966.
• O sermão da montanha: manifesto de santidade cristã e de promoção humana. São Paulo, Duas Cidades, 1967.
• Estruturas a serviço do Espírito. Reflexões sobre a evolução histórica e a atual reforma das instituições eclesiásticas. Petrópolis: Vozes, 1968. 102p.
• Information et propagande, responsabilités chrétiennes. Paris, Éditions du Cerf, 1968.
• Pour une théologie de la Révolution. Em: Société injuste et Révolution. Colloque de Venise. Aux Éditions Du Seuil, Paris, 1969.
• La crise du choix moral dans la civilisation technique. Fribourg : Éditions universitaires ; Paris : Éditions du Cerf, 1977.
• Hegel et la Théologie Contemporaine - L'Absolu dans l'Histoire? Em: J. L. Leuba; Carlos Josaphat Pinto de Oliveira (Orgs.). Paris, Delachaux & Niestllé, 1977.
• Autonomie : dimensions éthiques de la liberté. Fribourg : Éditions universitaires ; Paris : Éditions du Cerf, 1978.
• Droits de l´homme et discrimination religieuse. Em: Universalité des Droits de l´homme et diversité des cultures. Les Actes du 1er Colloque Interuniversitaire, Fribourg, 1982.
• L’éthique professionnelle des journalistes. Fribourg: Ed. Universitaires de Fribourg, Suíça, 1983. 2a. ed. 76p.
• La dimensione mondiale dell'etica : situazione e futuro del mondo umano : atti dell'XI congresso nazionale dei teologi moralisti, Roma, 2-3 aprile 1985. Bologna : EDB, 1986.
• Éthique de la Communication sociale - vers un ordre humain de l’information et de la communication dans le monde. Fribourg: Éditions universitaires, 1987.
• Homme et femme dans l´anthopologie de Thomas d´Aquin. E Anthopologie théologique et éthique chrétienne. In: Humain a L´image de Dieu. Labor Fides, Genebra, 1989.
• Ethique chrétienne et dignité de l'homme. Fribourg : Editions universitaires ; Paris : Editions du Cerf, 1992.
• Contemplação e Libertação – Tomás de Aquino, Jean de la Croix, Barthélemy de Las Casas. Fribourg : Éditions Universitaires ; Paris : Éditions du Cerf, 1993. Ática, 1995.
• Conceptions Du salut dans Le catholicisme français contemporain. Em: Le salut Chrétien – Sob a direção de Jean-Louis Leuba. Desclée, Paris: 1995.
• Moral, Amor & Humor – Igreja, sexo e sistema na roda-viva da discussão. Rio de Janeiro: Record-Nova Era, 1997. 364p.
• Tomás de Aquino e a Nova Era do Espírito. São Paulo: Loyola, 1998.
• Fé, Esperança e Caridade – Encontrar Deus no centro da vida e da história. São Paulo: Paulinas, 1998.98p.
• O vazio da memória e o raiar da luz dentro da noite in: Luiz Carlos Uchoa Junqueira Filho (org.), Silêncios e luzes: Sobre a Experiência psíquica do Vazio e da Forma. São Paulo: Casa do Psicólogo, 1998.
• Santas Doutoras, Espiritualidade e Emancipação da Mulher. São Paulo: Ed. Paulinas, 1999.
• Eclesiologia da comunhão e da sacramentalidade, da colegialidade, da participação e do compromisso social in: Zildo Rocha (org.), Helder, o Dom – uma vida que marcou os rumos da Igreja no Brasil. Petrópolis: Vozes, 1999, p. 124-135.
• Paulo Freire, ética e teologia da libertação in: Ana Maria Araújo Freire (org.). A pedagogia da libertação em Paulo Freire. São Paulo: Ed. Unesp, 1999, p. 71-79.
• Direito ao trabalho, exigência primordial da ética social. Convergência. Revista Mensal da CRB Brasil. Rio de Janeiro, maio de 1999 p. 224-238.
• Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Comunhão divina, solidariedade humana. São Paulo: Loyola, 2000. 199p.
• Fe, Esperanza y Caridad – a la luz de la Santísima Trinidad. 2000. San Pablo. Bogotá.
• Las Casas: todos os direitos para todos. Loyola, 2000.
• Crer no amor universal – visão histórica e ecumênica do “Creio em Deus Pai”. São Paulo: Loyola, 2001. 215p.
• A questão de Deus hoje in: Antonio S. Bogaz; Márcio A. Couto (Orgs.), Deus, onde estás? A busca de Deus numa sociedade fragmentada. São Paulo: Loyola, 2001;
• Ética no passado e para o futuro da Vida Religiosa. Convergência. Revista Mensal da CRB Brasil, Rio de Janeiro, outubro de 2001, p. 493-503;
• Evangelho e Diálogo Inter-religioso. São Paulo: Loyola, 2003. 175p.
• A teologia em diálogo interdisciplinar no seio da universidade moderna. In: Religião & Cultura. A crítica do Horror. Departamento de Teologia e Ciências da Religião PUC/SP. São Paulo: Paulinas, 2003.
• Falar de Deus e com Deus hoje, 2004, Ed. Paulus. São Paulo.
• Las Casas: Educator for Life and Liberation. Em: Towards the Intelligent Use of Liberty. Dominican approaches in Education. Hindmarsh, 2004.
• Globalização, religião, mídia e mercado. In: Religião & Cultura. Cristianismo na América Latina e Caribe: (Re)visões. Departamento de Teologia e Ciências da Religião PUC/SP. São Paulo: Paulinas, 2004.
• Suma Teológica de Tomás de Aquino. 9 Volumes. Coord. Geral e Trad. São Paulo: Loyola, 1995-2005.
• Las Casas, Deus no outro, no social e na luta. São Paulo: Paulus, 2005. 94p.
• Único modo de atrair todos os povos à verdadeira religião. De Frei Bartolomeu de Las Casas. Obras Completas. Vol. 1. Coord. geral da trad., introd. e notas de frei Carlos Josaphat e tradução de Hélio Eduardo Lucas, Noelia Gigli. São Paulo: Paulus, 2005.
• (Contribuição) in: Acortar distancias – hijas e hijos de Domingo hacen teologia juntos – Dominican Sisters Internacional ICJPOP. Colección Biblioteca Dominicana, Salamanca. 2005.
• Ratzinger, Chenu e Congar: teólogos pioneiros no Concílio Vaticano II. In: Religião & Cultura. Bastidores da Primavera. Departamento de Teologia e Ciências da Religião PUC/SP. São Paulo: Paulinas, 2005.
• Ética e mídia - liberdade, responsabilidade e sistema. Paulinas, 2006.
• Under the Banner of Bartolomé de Las Casas: Brazilian Dominicans and Social Justice. In: Preaching Justice – Social Ethics in the Twentieth Century. Dominican Publications. Austrália, 2007.
• Humanismo integral e solidário, visando construir uma Civilização do Amor. In: Doutrina Social e Universidade. O Cristianismo desafiado a construir cidadania. Afonso Maria Ligorio Soares e João Décio Passos (Orgs.). São Paulo: Educ/Paulinas. 2007.
• Frei Bartolomeu de Las Casas, Espiritualidade contemplativa e militante. São Paulo: Paulinas, 2008.
• A teologia precisa da Ciência? Transcendência, ciência e sabedoria na cultura de ontem e hoje. In: Teologia e Ciência. Diálogos acadêmicos em busca do saber. Afonso Maria Ligorio Soares e João Décio Passos (Orgs.). São Paulo: Educ/Paulinas. 2008.
• Teologia Patrística: Diálogo com as culturas e inculturações, ontem e hoje. In: Vida Pastoral. São Paulo: Paulus. 2009.
• Ética Mundial, esperança da humanidade globalizada. Petrópolis: Vozes, 2010.
• Liberdade e justiça para os povos da América. Oito tratados impressos em Sevilha em 1552. De Frei Bartolomeu de Las Casas. Obras Completas. Vol. 2. Coord. geral da trad., introd. e notas de frei Carlos Josaphat. São Paulo: Paulus, 2010.
• Utopia, jeito e Humor. Depoimento em: Bernardino Leers, em Plena Liberdade, a sabedoria da vida entra com a tolerância que abraça, suporta e confirma. Ed. Lutador, Belo Horizonte, 2010.
• Teologia e direito na aurora do mundo moderno: Francisco de Vitória e Bartolomeu de Las Casas. In: Teologia e Direito. O mandamento do amor e a meta da justiça. Afonso Maria Ligorio Soares e João Décio Passos (Orgs.). São Paulo: Paulinas, 2010.
• Atualidade: Direitos Humanos: urgência e viabilidade. In: Missões: a missão no plural. São Paulo, Missionários da Consolata, 2010.
• Comunicação e compromisso social. In: Teologia e Comunicação. Corpo, palavra e interfaces cibernéticas. Afonso Maria Ligorio Soares e João Décio Passos (Orgs.). São Paulo: Paulinas, 2011.
• Atualidade: Promover os Direitos Humanos. In: Missões: a missão no plural. São Paulo, Missionários da Consolata, 2011.
• Paradigma teológico de Tomás de Aquino. São Paulo: Paulus/EDT, 2012.
• Sucesso nos Negócios & Realização Humana - Responsabilidade e rentabilidade em debate. São Paulo: Globus, 2012. (em co-autoria com Jacques Pasquier Dorthe).
• Santa Catarina de Sena. Contemplação apostólica e emancipação da mulher. In: Il servizio dottrinale di Caterina da Siena. Nerbini. Firenze. 2012.
• Artigo em: Maritain, a Sabedoria Integral. POZZOLI, Lafayette e LIMA, Jorge da Cunha (Orgs.). Presença de Maritain. Testemunhos. 2ª. ed. Ed. LTr. São Paulo. 2012.
• Vaticano II, a Igreja aposta no amor universal. Com a colaboração de Lilian Contreira. Ed. Paulinas. São Paulo, 2013.
• Tomás de Aquino e Paulo Freire, pioneiros da inteligência, mestres geniais da educação nas viradas da história. Ed. Paulus. São Paulo, 2016.
• O Espírito Santo, no coração e na história do povo de Deus. Loyola, São Paulo. 2017.
• Las Casas e Zumbi, pioneiros da consciência social e histórica na luta pelos direitos dos Índios e dos Negros. Loyola, São Paulo.
Sobre Frei Carlos Josaphat
• Utopia Urgente - Livro-homenagem aos 80 anos de frei Carlos Josaphat, contendo fotos, ilustrações e textos. São Paulo: Casa Amarela / EDUC, 2002. 565 p. Org. por Frei Betto, Adélia Bezerra de Meneses e Thomaz Jensen[3].
• Fogo Amigo - Livro-homenagem aos 95 anos de frei Carlos Josaphat, São Paulo: Ed. Parábola, 2016. Organizado por Lilian Contreira.

Referências
1. ↑ Arquidiocese de São Paulo.Região Episcopal Ipiranga [1]
2. ↑ Ir para:a b c O dominicano Frei Carlos Josaphat será cidadão honorário de Brasília. Câmara em pauta, 8 de fevereiro de 2013.
3. ↑ Ir para:a b c d Carlos Josaphat - o frade que incendiou a esquerda. Estadão, 8 de novembro de 2002.
4. ↑ Information et communication : vers une éthique commune. Por Jean Devèze. Communication et organisation, La communication au service de l'information ? Dossier. 8, 1995.
5. ↑ Carlos Josaphat - Frade analisa a crise moral da Igreja e as relações da fé com o mundo moderno. Por Juvenal Savian Filho. Cult, ed 147, junho de 2010
6. ↑ Le vol et le droit de propriété dans l’éthique chrétienne de Thomas d’Aquin. Por Carlos-Josaphat Pinto de Oliveira. COMMUNIO - Revue catholique internationale. XXIII, 3 n° 137 maio-junho de 1998.
7. ↑ Ética, religião e globalização, acesso em 09 de março de 2016.
8. ↑ «Faleceu hoje o teólogo dominicano, Frei Carlos Josaphat» (PDF). Consultado em 10 de novembro de 2020
9. ↑ Bibliografia de Frei Carlos Josaphat
Ligações externas
• A atualidade “incandescente” do Reino de Deus e do Reino dos Fins. Entrevista com Frei Carlos Josaphat. Por Márcia Junges. Instituto Humanitas Unisinos (IHU), 4 de maio de 2013.
• Pacem in Terris. Os 50 anos de uma encíclica e a dimensão social do Evangelho. Entrevista com Frei Carlos Josaphat. IHU, 24 de abril de 2013.
• O salto qualitativo de João XXIII: uma síntese da ética social. Entrevista com Carlos Josaphat. Por Moisés Sbardelotto. IHU On-line 360, Ano XI, 9 de maio de 2011.

quinta-feira, 5 de novembro de 2020

ABAETÉ: 143 ANOS DE MUITA HISTÓRIA

 Para comemorar o aniversário de Abaeté nada melhor que o grupo criado por Lucas Gabriel e Rita Arruda: Fotos Antigas de Abaeté.

Veja algumas postagens do grupo:

O “TIO” DAS BANANAS
Wagner Tulio Pereira
Nos tempos antigos do Abaeté, tivemos um personagem muito popular e deveras interessante. Trata-se do “tio” das bananas. Talvez esse apelido de tio para as pessoas mais velhas venha desse nosso famoso personagem. O povo do Abaeté é mestre em colocar apelidos e expressões que viraram jargão nacionalmente conhecido como a famosa “tem base?”, que caracteriza mundialmente o povo abaeteense. O nosso “tio” colocava um balaio na cabeça e saia pelas ruas vendendo as preciosas bananas. Sempre dava um desconto, se você comprasse mais de uma penca. Diziam que era muito unha-de-vaca ou pão duro. Ele não comia banana para não jogar a casca fora. Naquele tempo não tinha esse negócio de pesar mercadorias. Era na penca ou nas dúzias. Não tinha comércio para concorrer com essas bananas misteriosas e saborosas. Diziam as más línguas que eram bananas amadurecidas pelo xixi do “tio”, porque ficavam maduras rapidamente e também eram suculentas e tinham mais vitaminas. Nosso personagem trabalhava de sol a sol, apenas descansando no domingo para rezar e preparar sua mercadoria para as vendas no dia seguinte de porta em porta no Abaeté. Conto esse conto para lembrar dos nossos heróis anônimos, gente simples, que deram exemplo de honestidade e trabalho duro. Nesse ano eleitoral milhares de candidatos se apresentam ao povo, debaixo de uma capa de honestidade e santidade para serem eleitos. A maioria dos eleitos esquecem das promessas de campanha e dão as costas para os eleitores logo após as eleições. Precisamos lembrar que vivemos uma enorme crise política e social. Sem uma ampla reforma política com a redução do número de partidos, dificilmente nosso País irá crescer e gerar empregos para todos, principalmente para os jovens. Nosso País se transformou naquilo que os norte americanos gostam de chamar “república das bananas”. Um país atrasado que depende quase totalmente da economia norte-americana. Até quando seremos dependentes do Tio Sam e da China. Por que não voltar a economia para o mercado interno? São perguntas sem respostas há décadas.
O primeiro mundo apenas nos enxerga como plantadores de soja, milho e feijão, fazedor de queimadas e exportador de carnes. E aqui nos supermercados os preços disparam a cada dia com a retomada da inflação e alta de preços. Um País sem conhecimento, cultura e tecnologia, onde faltam projetos de desenvolvimento com sustentabilidade e inserção dos jovens no mercado de trabalho. Os projetos de reforma no Congresso são pífios em relação à dimensão da crise, principalmente após a pandemia. Onde falta pão todos gritam sem razão, já dizia o ditado francês. Milhares de brasileiros estão vivendo na informalidade. Até quando? Nosso coração fica doído ao ver os jovens sem esperança, cruzando a fronteira para o mundo das drogas e do crime. Sem terem para onde ir muitos se dirigem para o mundo da violência, criminalidade e extorsão.
Hoje o mundo é dominado pelas máfias do comércio internacional. No Brasil também prospera essas máfias apenas conhecidas nos filmes, mas que já se tornaram realidade e já estão infiltradas em vários setores da sociedade. Tenho saudades do jeito simples do “Tio das bananas”, que viveu honestamente e sem acreditar em governos ou promessas de campanha. O negócio é comer mais bananas e ter saúde com o potássio e assim melhorar a nossa disposição mental e emocional para agüentar o covid e os políticos nessa hora, porque a coisa aqui não tá fácil. Somente Deus e seus Arcanjos podem nos ajudar. E então viva o nosso “Tio” honesto e trabalhador!

FOI NOS BARES DA VIDA....
GERALDO ROSA DA TRINDADE

Milton Nascimento, canta poeticamente, que.....

"Foi nos bailes da vida, ou num bar em troca de pão. Que muita gente boa pôs o pé na profissão. De tocar um instrumento e de cantar. Não importando se quem pagou quis ouvir, foi assim".

Pra mim, tudo na vida foi e continua sendo um grande aprendizado, desde os primeiros passos, passando por toda a vida até a Pandemia do Covid 19.

Comecei a sair pra curtir a noite ainda na pré adolescência, quando iniciei a 5a. Série na CNEC. Naquela época era tudo muito tranquilo e seguro, guardadas as devidas proporções, porque de vez em quando, assistíamos alguma briguinha nas ruas. No começo, os passeios eram só nas praças da Prefeitura, Matriz e Pracinha (hoje Dr. Canuto), e também no Cine Abaeté. Como é bom lembrar do nosso cinema; das músicas pré sessão, dos gongos pra começar; do Jamil, Seu Zeca, Zé Gordo, que cuidavam daquele espaço com esmero, carinho e devoção. Os filmes nem sempre eram novos, mas eram os que tínhamos e curtíamos muito. Algumas poucas vezes no ano ocorria uma grande queda no movimento do centro da cidade, nos bares, nas praças e no próprio cinema; por conta de algum circo ou parque que chegava e se instalava na atual Praça da Telemig ou mais tarde, próximo à Delegacia de Polícia. Contribuía também com essa baixa de movimento central, o nosso famoso Rancho Alegre na Praça da Capela de São José e mais tarde, também ao lado da Delegacia, quando ocorria alguma festa religiosa.

Já me sentindo "adulto" comecei a frequentar os lugares dos meus sonhos; os bares da vida. Não eram muitos, mas eram muito bons e fizeram parte da minha, da nossa história. Ainda hoje, me vejo entrando e saindo várias vezes, com os meus amigos no Porão, no Roda Viva, no Rodinha e também na Camponesa. Como eram todos muito pertos, parecia que estávamos procurando alguma coisa e estávamos mesmo. Assim, entrávamos no Bar e Restaurante Porão, andávamos por todos aqueles seus "salões", falávamos com uns e outros, e se estivesse promissor, ali sentávamos numa mesa e pedíamos uma bebida, quase sempre cerveja. Se sentíamos que ali não teria "futuro", continuávamos com a busca e o próximo passo da garimpagem, era a Churrascaria Roda Viva. A/O Roda Viva, dos irmãos Buriti, era uma espécie de grande Rancho Alegre, aberto e amplo, com mesas espalhadas pelo grande salão e já da entrada era possível ter uma visão geral e irrestrita de quem quer que estivesse por lá. Daí ficava fácil de encontrar outros amigos ou ver se quem queríamos realmente ver estava lá, se estava acompanhada, se estava bonita, se teríamos coragem de nos aproximar, se teríamos alguma oportunidade, se teríamos alguma chance, enfim a cabeça fervilhava sem sairmos do lugar. Muitas vezes nem entrávamos, pois a noite era longa e precisávamos continuar a nossa "busca". Assim, um pouco mais abaixo da Matriz, tinha o Bar e Restaurante Rodinha. Vejo com nitidez, o gramado e uma árvore no comprido terreno, com o imóvel nos fundos. Ali também, sem entrar na parte coberta, era possível ter uma visão ampla do local e sentir se seria oportuno ficar ou se mandar. Voltávamos para o miolo, para a muvuca, que era o quarteirão do cinema, onde todo mundo se encontrava. Aproveitávamos pra dar uma olhadela na Pizzaria Camponesa, que era um espaço onde famílias e casais apaixonados iam pra comer pizzas e curtir um lugar mais tranquilo, sem muito barulho e sem muitos aventureiros/as à procura de uma princesa encantada ou um príncipe encantado. Às vezes reuníamos alguns amigos e amigas, para também comer pizza, afinal ali era a melhor pizzaria da cidade.

Naquela época, durante o período escolar, sair à noite nos finais de semana era quase que contratual. Já nas férias nos dávamos o direito de sair também nas terças ou quartas feira; na terça tinha a Sessão do Troco e quarta, era dia da Quarta Sem Lei, no Cine Abaeté. Os das antigas sabem bem o que é isso, já os mais jovens, ouviram falar. A Sessão do Troco, normalmente era reprise do filme exibido no final de semana, porém com o ingresso pela metade do preço. A esperada Quarta Sem Lei, era recheada de filmes de Faroeste (Bang Bang) ou Kung Fu, também com um preço diferenciado. As férias escolares movimentavam bastante a cidade, pois vinham muitos parentes de todas as famílias, que moravam em outras cidades pra passar as férias. Assim, os nossos Bares da Vida, tinham movimento quase que diariamente.

Às vezes me pego perdido em pensamentos e fico lembrando de quantas vezes eu pude curtir os pitorescos bares de Abaeté e o quanto isso foi importante na minha vida, ali havia felicidade, havia amizade, havia lealdade e porque não dizer, havia igualdade. Todos podiam frequentar, independente de classe social. Todos, independente de cor, partido político ou time de futebol. As pessoas se respeitavam e eram mais tolerantes, a maioria de nós tínhamos limites, tínhamos réguas e sabíamos medir as consequências de nossos atos.


O MASCATE BERNARDÃO
Wagner Tulio Pereira
O termo “mascate” vem do árabe, que significa pessoa que vende mercadorias, jóias, tecidos, faz trocas, catiras. Meu avó Bernardão veio das terras do ouro de Pitanguy para a região do Abaeté com suas malas de mascate ganhar o pão de cada dia e disposto a encontrar uma boa moça para casar. De família muito pobre e sem encontrar pepitas de outro fez sua parada nas Tabocas e por lá conheceu a neta do capitão David Pereira, um dos fundadores do Abaeté. Essa moça Marta tinha uma beleza infinita, pois era descendente dos flamencos ao sul da Espanha. Se apaixonaram e vieram a casar meses depois na Igreja Matriz de Nossa Senhora do Patrocínio. O nosso Bernardão acreditou na sorte grande e descobriu um grande tesouro nessa moça bonita das Tabocas. Ele tinha o sangue árabe nas veias e trouxe o dom do comercio e do garimpo. Teve um armazém de secos e molhados na avenida Getulio Vargas com à rua Dr. Antonio Amador onde se vendia toucinho, banha de porco, querosene, cachaçaria, pedras de isqueiro, doces e balas de mel feitas pela Dona Marta. Próximo ao Armazém funcionava o Bar do seu Waldemar turco (libanês) e tinha um ponto de ônibus das linhas que iam para a Serra do Palmital, Biquinhas, Cedro e Morada Nova. As velhas jardineiras sempre empoeiradas, cheias de gente, galinhas e mantimentos mensais para serem levados para as roças. Seu Bernardão sempre gostou de fazer catiras, barganhas, mas não passava manta (tirar proveito) no sujeito humilde da roça, como costumava acontecer com os mascates da época. Eu Sei que os descendentes de árabes muito contribuíram para o progresso do nosso Abaeté. Seu Waldemar Elias e sua família muito lutaram para manter seu bar e padaria naquele ponto movimentado das jardineiras. Gostava de vender e entregar as pururucas naquele bar e ganhar um bom dinheirinho para gastar. Seu Tuffi Andrade e o hotel próximo do cinema, também fez história de sua família no Abaeté. Branco e David turco também tiveram participação ativa no comercio e catiras de automóveis e demais tranqueiras. Nos ensinaram a arte do comércio, valorizando cada objeto como possibilidade de troca e principalmente de amizades. Os árabes são visionários pelas terras da Serra do Capacete, talvez devido aos mistérios subterrâneos daquela região. Jazidas de urânio, nióbio, gás natural, fosforita, verdete, diamantes e outros mistérios que existem por aí e não sabemos. A cada dia fecha a caixa de pandora e abre-se novos portais cósmicos desvendando luzes em nosso interior. Sinto que o mais importante e dar-se conta que nada sabemos. Somos participantes desse movimento de evolução e destruição como verdadeiros Seres da terra. Somos filhos de Gaia, a mãe terra. A lei do retorno está em toda a parte do cosmos. O Cedro do Abaeté nos propicia essa conexão com o céu aqui na terra. Sempre digo que o Cedro pertence ao Indaiá com seus diamantes. Fabricados por mãos divinas.
O Eterno se divide para que cada um possa evoluir, experimentar as águas e o fogo desse planeta e voltar como criança. Sentir a leveza e alegria nesse mundo. O bem e o mal estão sempre juntos, mas necessito perguntar todo dia quem estou alimentando dentro de mim. “Seu Bernardão” foi um sábio em sua vida. Mal sabia ler e escrever, mas tinha uma sabedoria do Ser. Teve honestidade, ética, observação, respeito ao próximo e a uma enorme presença energética. Teve um saber para mascatear (vender de porta em porta) como os “turcos” faziam quando chegavam no Brasil. Tornou-se um bom comerciante, garimpeiro do gamelão gerando empregos como construtor. Em sua velhice ouvia o tique-taque das horas aceitando com tranqüilidade o voar do tempo. Contava as horas que passam e não vemos, estamos dormindo em sono profundo. Ainda hoje posso ouvir os sonidos das águas límpidas do rio Indaiá, descendo pelas corredeiras e escondendo seus diamantes e tesouros ocultos da humanidade gananciosa e predadora. Noutros lugares do planeta a fonte secou, os rios estão sujos, o homem contaminou e o fogo queimou. A natureza reage rapidamente. Final de um ciclo destrutivo. Até onde o planeta e nós vamos agüentar? E agora “ Seu Bernardão”?


Léa Campos
Regina Oliveira
Alguém conhece a historia desta menininha, que se tornou a primeira arbitra mulher. Asaléa de Campos Fornero Medina, mais conhecida como Léa Campos, é a primeira mulher a se tornar árbitra de futebol.
Em 2015, Léa seguia morando em Nova York, nos Estados Unidos da América, com seu marido Luis Medina.
Léa nasceu em Abaeté-MG, em 1945, mas foi criada em Belo Horizonte. A filha de Jairo e Isabel sempre foi apaixonada por esportes.

quinta-feira, 29 de outubro de 2020

HISTÓRIA E MEMORIA:POR ANTONIO ZACARIAS ALVARES DA SILVA

 Desembargador Dr. Joaquim Alves de Andrade, "o Abaeteense do Parquet, do Tribunal de Justiça e da Alçada”

 Abaeté poderia se chamar a terra dos “Joaquins e Joaquinas”, talvez por influência de nossa matriarca Dona Joaquina Bernarda Silva de Abreu Castelo Branco de Oliveira Campos, em minha família existem vários.

No caso em comento vamos falar do Grande Dr. Joaquim Alves de Andrade, que era filho de Joaquim Alves de Andrade e neto de Joaquim Alves de Andrade. Não é brincadeira, seu pai e seu avô eram homônimos dele.

 Dr. Joaquim Alves de Andrade era filho de Joaquim Alves de Andrade e Julieta Cordeiro de Andrade, era conhecido como “Jota do Quinzinho” e, era também descendente de Dona Joaquina do Pompéu.

 Dr. Joaquim Alves de Andrade era casado com Dulcina de Oliveira Andrade, pais de Cláudio de Oliveira Andrade e Cristiana de Oliveira Andrade e avô de Letícia, Carolina e Vitória. 

 Dr. Joaquim Alves de Andrade era genro do pai da “História de Abaeté”, nosso querido Dr. José Alves de Oliveira, que também era advogado e seu parente pois seus pais eram primos do pais de sua esposa Dona Dulcina.

 Dr. Joaquim Alves de Andrade graduou-se em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais em 1956, e, já era em 1957 Doutor em Direito Público e fez uma bela e brilhante carreira jurídica que passaremos a aduzir:

 Ingressou mediante Concurso Público como Promotor, no Ministério Público do Estado de Minas Gerais no ano de 1959, iniciando sua carreira na cidade de Alpinópolis/MG. Sempre se dedicou bravamente em prol dos menores carentes, onde conquistou o apoio comunitário e também do Procurador Geral na época o Dr. Mauro Gouveia.

 Exerceu as funções de Representante do Parquet (Ministério Público) nas comarcas de: Carmo da Mata, Guapé, Formiga e Divinópolis. 

 Quando chegou a Belo Horizonte foi nomeado pelo Procurador Geral Dr. Waldir Vieira Para servir à Justiça Estadual na Vara de Fazenda Pública em 1.980.

 No ano de 1983, atingiu o final da carreira no Ministério Público, passando a exercer o cargo de Assessor do Procurador Geral de Justiça, e, Secretário Geral do Ministério Público do Estado de Minas Gerais, quando o Procurador Geral era o Dr. Lauro Pacheco de Medeiros Filho.

 Sempre esteve de mãos abertas e braços estendidos para a Justiça de nosso estado e contribuindo com o magistério como professor de História, Português e Organização Política e Social Brasileira.

 Lecionou na Faculdade de Direito do Oeste de Minas em 1969, ministrando aulas de Direito Civil e Direito Processual Penal.

 Durante vários anos lecionou na Faculdade de Filosofia de Formiga as disciplinas de Teoria Geral do Estado e Estudos de Problemas Brasileiros, sendo professor da Escola de Biblioteconomia e inclusive Vice-Diretor da Fundação de Ensino Superior do Oeste de Minas.

 No ano de 1983 foi nomeado pelo então governador Dr. Tancredo Neves para uma vaga do Quinto Constitucional do Egrégio Tribunal de Alçada.

 Atuou na 1ª. Civil durante dois anos e depois foi para a 1ª. Câmara Criminal, saindo posteriormente para exercer a Vice-Presidência, sempre no Tribunal de Alçada do Estado de Minas Gerais. Dr. Joaquim Alves de Andrade foi também da Comissão de Jurisprudência e Comissão Permanente.

 Ministrou durante cinco anos, aulas na Escola Judicial Edésio Fernandes, tendo como corpo discente os novos juízes aprovados em concurso público.

 Dr. Joaquim Alves de Andrade foi eleito em 1990 pela totalidade de Juízes para exercer a Presidência do Egrégio Tribunal de Alçada do Estado de Minas Gerais, para o mandato de 1990 a 1992.

 Em 1995 foi promovido a Desembargador para o Tribunal de Justiça, onde permaneceu até agosto de 1.998, quando se aposentou por idade.

 Foi agraciado com as seguintes comendas:
 “Medalha Santos Dumont”;
 “Medalha da Inconfidência Mineira”;
 “Medalha do Mérito Legislativo”;

 Até o presente momento falamos do Doutor Joaquim Alves de Andrade jurista, agora vamos falar um pouco do Dr. Joaquim, o Abaeteense.

Dr. Joaquim apesar de sua vasta cultura era um abaeteense simples, estilo bem mineiro de ser, apaixonado por história e pela genealogia das nossas gerais.

 Um esposo e pai amoroso e dedicado, religioso, e, principalmente, um homem cuja paixão era esculpir e melhorar o ser humano. 

 Dr. Joaquim sempre lutou e ajudou os menores carentes fazendo disso um ofício, seu “múnus frater”.

 Eu desde pequeno ouvia seu nome e diga-se de passagem, o seu nome o antecedia em qualquer situação, todos tinham enorme orgulho de sua pessoa, quaisquer abaeteense, quaisquer parente ou mineiro tinham respeito, amor e gratidão por Dr. Joaquim Alves de Andrade.

 Em minha opinião talvez seja um dos maiores abaeteenses de todos os tempos, pois, sua luta era pessoal, era de coração, era de alma, era de ideal, não era utilizada com fins políticos ou para beneméritos.

 Dr. Joaquim Alves de Andrade era um homem de hábitos simples e nunca se impressionou com o luxo. Apreciava muito a leitura e caminhar, seus momentos prazerosos era junto à família, principalmente, desfrutar da companhia das netas.

 Altruísta, Dr. Joaquim Alves de Andrade sempre direcionou um olhar atencioso as pessoas, sempre teve cuidado com o outro, e, esse sentimento que o inspirou a exercer trabalho voluntário quando se aposentou, culminando com 10 (dez) anos de serviços prestados na recuperação de condenados (APAC).

 Dr. Joaquim Alves de Andrade honrou e honra a todos os abaeteenses, e, continuará honrando por todos os tempos, visto que será difícil encontrar um à sua altura.

 Dr. Joaquim Alves de Andrade um grande abaeteense, um grande exemplo a ser seguido, um dos grandes juristas de todos os tempos, um homem simples de um coração grandioso, que muito lutou para a recuperação daqueles, que um dia, por qualquer motivo que fosse, se desviaram tomando o caminho da ilicitude.
 Dr. Joaquim lutou e provou que qualquer um pode mudar sua história para melhor.

sexta-feira, 31 de julho de 2020

HISTÓRIA E MEMÓRIA DE MARIA DE LOURDES MENDES PARTE 05


Crônica escrita pelo amigo Wagner Túlio Pereira (de Abaeté, mora atualmente em BH) A foto é da casa, cenário desta crônica), onde hoje é o Supermercado Ki Barato.


O FERREIRO DO ABAETÉ

           WAGNER TULIO PEREIRA

O nosso Abaeté antigo tinha um ferreiro ou melhor araponga, que veio do Mato Grosso para a residência dos irmãos Morato. Mal amanhecia o dia já começava a cantar, ou melhor a bater o ferro na bigorna emitindo aquele som estridente e ensurdecedor. Parecia que seu canto nos dizia: Despertai! Despertai! Acredito, que toda a cidade ouvia aquele martelar logo cedo zunindo nos ouvidos dos seus habitantes. Alguns diziam que achavam bonito aquele som estranho, outros horrizavam e até pensavam em fazer queixa na delegacia. Hoje sinto que aquele pássaro estranho já fazia parte da família Morato. Eles eram pessoas trabalhadoras, que vieram de Pitangui trazendo o dinamismo, a coragem e o trabalho para toda a região. O armazém (palavra antiga e desconhecida no mundo de hoje) era composto de um velho balcão e uma grande quantidade de sacaria de arroz, sal, banha de porco e tambores de querozene. Ainda hoje sinto o cheiro desse querozene e da banha de porco. A luz elétrica da região era muito fraca e a população utilizava o danado do querozene para acender as lamparinas de pavio. O Darcy Morato e o seu irmão Nazareno comandavam aquele comércio estupendo com movimentação intensa de carros de boi, charretes e caminhões, que levavam os mantimentos para as roças e cidades vizinhas. Hoje seriam chamados de empresários, mas eram comerciantes mesmos. Pessoas simples, alegres e respeitosas com todos, ricos ou pobres. Não posso esquecer da minha professora Enedina Morato. Muita elegante e educada com todos os alunos. Devo a ela sua paciência e carinho ao nos ensinar a ler e a escrever. Fiquei sabendo anos depois, que ela cuidava daquele ferreiro barulhento.Será se ele tinha um nome? Em frente ao Armazém ficava o comercio de tecidos, roupas e aviamentos do Waldir Morato. Eu Ficava alegre em ir lá comprar aviamentos para minha avó que era costureira. Carretéis de linha, alvejado S, botões, agulhas e tudo mais para uma boa costura. Recordo das filhas bonitas do Waldir e do seu empregado Luizico, sempre sorrindo e fazendo piadinhas. Ao lado do comércio morava o Miguelão, solteirão, bravo e muito rico. Habitava uma casinha simples, porém o lote era cheio de mangueiras e jabuticabeiras. Na época das jabuticabas a meninada gostava de fazer uma visita por lá para saborear a doçura das frutas. Diziam as más línguas que o Miguelão era do Cedro e costumava dar uns tiros para espantar a turma de crianças e rapazes do Bar Brasilia que por lá passava. Logo ali na esquina tinha o comércio do “Seu Manuelzinho”. Sempre muito atencioso e com a loja dos melhores tecidos e aviamentos da região e com uma família fabulosa. Sua filha D. Helaine também foi minha professora no Tenente Ezequiel. Sempre muito carinhosa e paciente com aquela meninada encapetada. Seu pai tinha um sorriso angelical, característica herdada pelos filhos e filhas. Naquela época, o dinheiro era curto e não tinha muita coisa para comprar, mas tínhamos o essencial para viver. Vivíamos felizes e alegres. Não tinha esse tanto de doenças e neuroses coletivas. Após um longo tempo em minha jornada ainda ouço o canto do ferreiro ou araponga em meus ouvidos, talvez querendo me dizer....Despertai! Despertai! Despertai! Acorda para o seu mundo interior. Simplifica tudo! Sinta a beleza da vida e da natureza. Nada é permanente. A impermanência é uma constante no Universo. A vida é uma ilusão que passa suavemente como um trem que passa na Estação do Paredão e não irá parar nunca mais.....Despertai!

Maria Helena Avelar Carvalho Volto no tempo lendo suas narrativas. Chequei a ouvir o " Ferreiro" e sentir o cheiro do armazém do Darci/ Nazareno. Que saudades!

Selma Sônia Texto maravilhoso, que histórias lindas, desconhecidas de muita gente. Muita saudades do passado tão gostoso que não volta mais.

Maristela Oliveira Me lembro do canto do ferreiro e do Nazareno, amigo e companheiro de pescaria do meu pai. Quase todos os domingos o Nazareno enchia de amigos a carroceria do caminhão coberta por uma lona e iam pescar na Represa de Três Marias nas imediações de Abaeté.
Quando papai voltava das pescarias era uma festa, pois além de peixe ele trazia coco, manga e outras frutas do cerrado.
Teve uma vez que ele trouxe um jacaré vivo e muitas pessoas foram à nossa casa para ver o animal de perto.
Era divertido.

Clemente Antonio Nicoli A poucos metros de lá tinha o armazém do .Sebastião Borba da Silva..vulgo JULICO.. PESSOA BONISSIMA.muitas é muitas vezes buscava mercadoria em BH no armazém dos mortos pra o armazém do meu pai.Antonio Nicoli...vulgo NINO nicoli...isso faz um bom tempo...porque eu já tenho mais de 35 anos....kkkkkk

Darcy Morato
Maria de Lourdes Mendes

Continuando a história dos Morato, lembro bem do grande comerciante de Abaeté Darcy Morato e de seus irmãos. Os Morato também trouxeram muita gente trabalhadora para Abaeté, inclusive o meu primeiro empregador José Antônio Toledo que ajudou muito Abaeté, teve escritório “ Contabilidade Andréa “, em frente ao Raimundo Celeiro, empregou e ensinou muita gente, deu aulas de Contabilidade na CNEC.
Darcy Morato, foi um grande amigo do meu pai. Sempre viajava para BH, não gostava de viajar sozinho chamava meu pai prá ir junto e permitia que minha irmã e eu fosse também. Dava verdadeiras aulas prá nós no caminho , mostrava, explicava e ensinava as coisas da vida. Chegando em Belo Horizonte era maravilhoso ver aquelas lojas cheias, Ingleza Levi, Abdalla e outras e ele contava as histórias daquelas lojas. Chegamos a ir e voltar no mesmo dia, só pelo prazer de sua companhia. Foi uma das pessoas marcantes na minha vida!

Antonio Ferreira A expressão “sou de Abaeté tem base” foi criada pelo Capilé, que escreveu no pára-lama do caminhão Mercedes do Darcy; e, rodava o Brasil inteiro carregando mercadorias, e divulgando a famosa Frase!!!

Antonio Ferreira Foi através do José Antônio, que me levou para Capital, que estudei Direito, tive o primeiro emprego em BH, e foi exatamente no escritório da empresa de Cereais de WALDIR Morato. Lembrança boa! Lá se vão os idos de minha vida!

MANOEL ANTÔNIO DE SOUSA

MANOEL ANTÔNIO DE SOUSA


Ele era um grande fazendeiro. Tinha um comércio "venda" onde hoje é a padaria na esquina da igreja São José. Sua fazenda começava ao lado do cemitério pegando as ruas Antônio Amador, Rio Branco, Osvaldo Ferreira, Manoel Antônio de Sousa indo até a antiga rua 11 de junho no Bairro São João. A sede da casa situava na rua 13 de maio com Manoel Antônio de Sousa, antiga casa que falavam da d. Antônia da mangueira. Faleceu mto novo em 1943 de uma tuberculose, doença que não tinha cura na época. Foi casado com Antônia (d. Tunica). Era conhecido tbm como Manoel da "Durvige" . Sua mãe era d. Edwiges. A família é mto grande. Tinha irmãos e mtos primos onde foram se casando entre eles. Ele mesmo e sua esposa eram primos de primeiro grau. Fez muito por Abaete naquela época e hoje faz parte da nossa história.
(Relato feito por sua neta Célia Regina Sousa)

quarta-feira, 22 de julho de 2020

HISTÓRIA E MEMÓRIA DE WAGNER TÚLIO PEREIRA

OS SANTOS DO ABAETÉ

Wagner Tulio Pereira

Conhecemos muito pouco da nossa história. Vamos dar um mergulho nesses santos homens e santas mulheres de nossa região, que ficaram esquecidos em nossas mentes e corações. Primeiramente, vamos falar do nosso Frei Orlando. Quem foi esse frade franciscano que nasceu em Morada Nova e morreu na Itália aos trinta e dois anos? Foi registrado com o nome de Antonio Alvares da Silva, tendo ficado órfão com apenas um ano de idade. Foi criado por uma família muito católica, que despertou nele a vontade de trabalhar para os pobres. Estudou para padre em Divinopólis e foi morar em São João Del Rey, onde lecionou no Colégio Santo Antonio, onde hoje é a sede da UFSJ. Também tive a honra de lecionar naquele local no curso de homeopatia da UFV. Naquela cidade criou a “sopa dos pobres” já mostrando seu cuidado com os menos favorecidos. Durante a II guerra mundial alistou como capelão para prestar assistência aos soldados brasileiros na Itália. Aos trinta e dois anos foi morto com um tiro de um soldado da resistência italiana. Ele cumpriu a sua missão religiosa. Seu sangue foi derramado em solo italiano para resgatar a vitória dos ideais democráticos dos Aliados. Hoje é um dos patronos do Exército brasileiro. Também temos que enaltecer um pracinha de Abaeté, que lutou na Itália com bravura e coragem, “Seu Inácio” do cinema. Um homem exemplar que sempre escolhia bons filmes para a criançada e adultos se divertirem e buscar novos conhecimentos nas sessões do Cine Abaeté. “Seu Inácio” teve lindas filhas. Tive a honra de ser colega no Grupo Frederico Zacarias da sua filha Isabel, uma verdadeira princesa. Alegre, inteligente, inquieta e criativa. Era uma criança divina que encantava a todos. Hoje deve ser uma rainha, como a Romy Scheneider no filme Sissi, a Imperatriz que também tinha o nome de Isabel. Juro por Deus que adorava ir às aulas no Frederico para admirar a beleza e o encanto da Isabel. O cine Abaeté representava nossas projeções e desejos do realismo fantástico. Grandes heróis passavam na tela mental da imaginação. Charlie Chaplin, Joselito, Tarzan, Kirk Douglas, Cantinflas, Oscarito, Grande Otelo Mazzaroppi, Fellini, Glauber Rocha e tantos outros atores e diretores. Eram nossos deuses da tela panoramica do Cine Abaeté, graças ao nosso pracinha “Seu Inacio” do cinema. Não posso esquecer do Waldir do cinema, Jamil, Zé Mourão, que sempre tinham um sorriso na entrada do cinema. Tinha também o Ronaldo Soares, que caprichava nos cartazes e fotografias do filmes. Nas matinés de domingo era aquele alvoroço na porta do cinema para troca de figurinhas e revistas em quadrinhos. O Herculano era o campeão das revistas, mas eu era o zelador delas, porque se sua mãe soubesse que gastava seu rico dinheirinho em revistas, ele estava frito. Também um homem santo do Abaeté, sempre prestativo e alegre carregando dezenas de personagens e histórias em sua vida de luta.
Convido a todos para fazermos uma campanha para enviarmos uma carta ao Santo Padre de Roma para canonizar todos os Santos da nossa região. Vamos pedir primeiramente a canonização do Frei Orlando e da Barbica da Santa Casa, a nossa Irmã Dulce. Fez tanta caridade naquela Casa, que não dá para contar. Ela recebeu uma herança da sua família e doou tudo para melhorar o atendimento daquela instituição da época. Somente uma alma tão despreendida desse mundo material poderia ter esse gesto de desapego. Estamos longe dessas almas tão evoluídas. Atualmente, assistimos um filme de terror de Boris Karloff, como noticias falsas, covids, guerra comercial, guerra biológica, medo, violência, pânico e tantas outras mazelas sociais. Sentindo lá do fundo do coração, creio que o melhor mesmo é orar e meditar para essa onda passar rapidamente. Desse jeito só o Santo Padre pode nos ajudar! Amém!

HISTÓRIA E MEMÓRIA DE MARIA DE LOURDES MENDES PARTE 04

Tereza Andrade e José do Quinzinho


A gente é resultado de uma construção histórica e para falar dela temos lembrar de dois grandes abaeteenses Tereza Andrade e José do Quinzinho. Tereza, doce pessoa que passou por aqui, um anjo, ligada a obras sociais, ao amor e a pintura. Uma artista sensível, que dava luz e vida a seus quadros. Pintou e doou os quadros da Via Sacra da Igreja matriz Nossa Senhora do Patrocínio. Quando criança visitava sua casa com minha mãe e tinha um quarto que utilizava como Capela e era uma casa muito abençoada, ficava na Rua Jader Moura, em frente a Cartório de Registro de Imóveis, onde é hoje a Invest Leilões. José do Quinzinho, pessoa de uma grandeza, otimismo e alegria enormes. Era uma espécie de “faz tudo” na Cooperativa dos Produtores Rurais de Abaeté e Região, acolhia, atendia, varria os passeios, espanava a poeira sem parar. Me chamava a atenção como tratava as crianças, com muito respeito, nos tratava como pessoas grandes, talvez por amar muito o que fazia. A nossa homenagem a esse casal que deixou história e saudades...

quarta-feira, 15 de julho de 2020

HISTÓRIA E MEMÓRIA DE MARIA DE LOURDES MENDES- PARTE 03

Um bairro charmoso em Abaeté


Sempre gostei do Bairro Marmelada, é gostoso, limpo, o povo é caprichoso, mora pessoas do bem, honestas e trabalhadoras. Desde pequena gosto de lá, onde passei horas agradáveis com muitos amigos. Onde morou vovó Joana cozinheira da Santa Casa na Rua Santa Luzia, Maria do Quintino, mãe do Eliziário, Alzira e Arminda que era cheia de charme e gostava de andar toda impiriquitada, amigos de minha mãe que trabalhavam na Fazenda Palmeiras, da mãe da D. Lourdes Vianna. Moravam na Rua Nelson da Luz com Professor Modesto ( hoje Elza e Walter) . Em frente a casa deles moravam o “Tio” casado com a Quinha e irmão da Maricota, vendedor de bananas, muitos vão lembrar, andava pelas ruas vendendo bananas num balaio. Grandes pessoas moraram ali, Madalena, Raimundo Pepe, pai do Raimar meu amigo, José Redondo, Aprigio, dentre outros que ajudaram muito Abaeté. Na praça da APAE tinha um casarão onde uma senhora fazia lindas bonecas de panos e a gente ia na janela comprar. Na juventude convivi com amigos do bairro os filhos do Zezé Miranda e Ligia, faziam deliciosas geleías e a Fia irmã do Antônio Maria também fazia infinidades de doces. Foi ali que começou Abaeté, é um bairro cheio de peculiaridades, a praça David Silvestre, onde tem um grande cruzeiro, quando havia estiagem em Abaeté, os padres faziam procissões com os fiéis, das Igrejas até a cruz, rezavam e levavam latas d’água que jogavam aos pés do cruzeiro, era só acabar a procissão com as rezas e a chuva caia. Saindo desta praça tem uma rua na qual existe uma escada enorme. Passam neste bairro córregos de água, dentro dos quintais, é lindo ! A amiga Lourdes, irmã da Vera da Casa Moura, no jardim de sua casa passa um Córrego, não existe nada mais charmoso! Não se vê falar nada de ruim deste bairro, praticamente não existe violência, também mora lá uma pessoa muito importante para Abaeté que levou muito a sério tirar as crianças da rua e levá-las para o esporte Karatê, que é o Professor João Damásio, através disso o bairro foi muito protegido. Meu pai nos anos 60 comprou um casarão, perto da Praça da entrada da APAE, a porta principal da casa tinha uma chave enorme, quase do tamanho da palma da mão, a casa era grande e ele dividiu em duas e construiu mais três barrações para alugar, um quintal grande que dava para os pastos do Senhor Chiquinho Pires, nos fundos uma grota com barrancos dos dois lados, cheio de flores silvestres e ipês amarelos, corria um regato de água, a gente chegava ali e se deliciava da natureza abundante, vendo e sentindo as flores despencarem do pé de Ipê e cair no fundo daquela grota, como se ali fosse o paraiso, tudo aquilo continua impregnado em mim, a paz que sentia naquele lugar, é como se o céu penetrasse na terra. Os pastos do Senhor Chiquinho era o lugar preferido para as crianças brincar, no meio das flores, do mato, das corredeiras de água, das grotas com sumidouros. Quando pré-adolescente andava ali com meu amigo Professor Valério Lúcio e seu cachorro usufruindo daquele cenário lindo da natureza. Enfim, abrigou e abriga grandes pessoas que não citarei nomes, por receio de esquecer alguma. É um bairro cheio de charme, beleza e preservação da natureza.